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Semana do Calçado online: novos caminhos, novas soluções

* Luis Vieira


De 5 a 8 de outubro, aconteceu em Novo Hamburgo/RS a 5ª Semana do Calçado, que nesta edição foi realizada 100% online. Durante os quatro dias, instituições do segmento calçadista (IBTeC, Abicalçados, Abrameq, Assintecal, CICB e Sebrae) e promotoras de feiras (Couromoda, Fenac, Francal e Merkator) uniram-se para a realização de oito eventos voltados para a promoção da competitividade das empresas através da implantação de inovações e tecnologias, a geração de negócios pautados na melhoria da qualidade dos produtos, o aumento da eficiência nos processos produtivos e a otimização dos relacionamentos com o cliente através de multicanais digitais.


Conexão Couromoda

Os desafios e oportunidades da indústria e do varejo no pós-Covid foi o tema do primeiro webinar da Semana, através do qual o executivo do Bischoff Group, Jorge Bischoff, foi sabatinado por membros do Comitê Couromoda de Varejo e mediação do jornalista Mauro Moraes, editor-chefe do couromoda.com.


Tendências - “O mundo vem mudando de forma muito acelerada nos últimos anos, e com a pandemia ações digitais que seriam tomadas em um ou dois anos tiveram que ser implantadas rapidamente. Mas fundamentalmente a marca, independente dos canais que usa para se comunicar com o mercado, precisa ter um propósito e passar isso para o consumidor, que é a estrela maior na decisão da compra e cada vez mais quer produtos com atributos de conforto, e as nossas marcas Jorge Bischoff e Loucos & Santos trabalham muito forte com este princípio.”


O presidente do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Paulo Griebeler, comentou sobre a existência do Selo Conforto para comprovar os atributos oferecidos nos produtos, sendo uma oportunidade para o calçado brasileiro se destacar no mercado mundial. Jorge respondeu que acha positiva a iniciativa e acenou com a possibilidade de uma parceria com o instituto. “Eu sempre me incomodei ao ver mulheres voltando de festas com o calçado na mão. Trabalhando com este cuidado conseguimos acertar o perfil dos calçados e estamos muito bem na questão do conforto para os pés”, pontuou.


Desafios - “Nos adaptamos conforme os desafios aparecem. Com relação às franquias, por exemplo, começamos a fazer convenções online com foco na solução e não nos problemas, buscando, juntamente com os franqueados, entender quais os caminhos a se percorrer. Existe também um problema pontual com o abastecimento de algumas matérias-primas e precisamos encontrar soluções. Mas o maior desafio foi lidar com a situação de que tínhamos antes de iniciar a pandemia uma coleção que já estava bem encaminhada e de repente foi preciso repensar tudo. Apostamos em uma nova coleção que transmitisse sentimentos bons, como alegria e paz, e acertamos o passo. As consumidoras se identificaram e as vendas apresentam índices melhores do que imaginávamos.” Jorge também salientou que as lojas de shopping são um ponto delicado nesta situação de distanciamento social. “Além das lojas de shopping terem que ser fechadas, as negociações com os shopping centers são sempre muito difíceis. Mas ainda assim esses locais são um grande palco para as vendas.”


Otimismo - “Sou otimista quanto a retomada dos negócios. Se por um lado fechamos duas franquias, por outro abrimos outras seis (até outubro). O mundo não vai parar, só mudamos alguns processos. Temos que avançar com qualidade, tecnologia e design, e nesta busca somos desafiados o tempo todo, mas saímos mais fortificados quando focamos na solução e esquecemos os problemas.”


Produção e gestão de conteúdos para redes sociais


O segundo evento da Semana do Calçado, também no dia 6 reuniu três minipalestras com o tema Produção e gestão de conteúdos para redes sociais. Maicon Dias, fundador e CEO da Gampi Casa Criativa, representou a Merkator Feiras e Eventos, Kika Monteiro, gerente de comunicação e marketing da Francal Feiras, representou a Francal Ablac Show. Renata Arteiro, sócia da Talenttare Conteúdo e Criatividade, representou a Fenac Experiências Conectam | Fimec. A mediação foi de Marcela Chaves Wedig, do IBTeC.


Propósito de marca para se aproximar dos consumidores

*Maicon Dias

“As redes sociais não são uma tábua de salvação das empresas. Para se comunicar online com o cliente não se pode focar somente no produto, mas principalmente investir em estratégias e ações que façam as pessoas se sentirem tocadas, pois dessa maneira haverá o engajamento desejado. Neste nicho não basta jogar informação no mercado e esperar que o público interaja. As empresas e marcas que agem assim estão fadadas a morrer em pouco tempo. O consumidor precisa sentir que a marca o entende e está ao seu lado, falando diretamente com ele. Apesar disso, o que se nota é que na internet praticamente tudo é mais do mesmo. Prova disso é que sempre que surge um novo meme, um monte de marcas tenta navegar nessa onda, mas o público consumidor cada vez mais identifica e rejeita os oportunistas.”


Lembrando que propósito não pode ser inventado, e que as empresas precisam entender e deixar claro para as pessoas qual é o seu propósito, ele listou alguns aspectos que considera fundamentais para o engajamento do público-alvo.


- Experiência - tudo o que se diz deve estar alinhado com o que se faz. Não adianta querer levantar uma bandeira se não for agente dessa bandeira.


- Coerência - é preciso manter a coerência entre o que a marca diz e faz, independente da corrente da moda. Não pode sair indisciplinada- mente jogando informação para todos os lados e mudando o discurso a cada momento.


- Consistência - tem que ser permanentemente atuante nos canais.


- Persistência - criar caminho e entregar propósito é uma construção que exige muita persistência. Se o propósito é verdadeiro a empresa não vai mudar, ela leva isto para o resto da vida, o propósito da marca aproxima os consumidores emocionalmente, deixa as marcas mais humanas mas ele não pode ser inventado e deve ser amplamente divulgado para ser entendido pelas pessoas e pelo mercado.


Um papo descomplicado sobre como exercer a criatividade na produção de conteúdo

*Kika Monteiro

“Os canais digitais viraram padrão e lugar-comum. Isso, apesar de não ser algo ruim, trouxe novos desafios, fazendo com que empresas, marcas e pessoas acelerassem a caminhada rumo à inclusão digital. Hoje, toda empresa que quer visibilidade precisa gerar conteúdo, mas este não pode ser raso.


Dicas para exercer a criatividade


Criatividade não é sorte ou magia, é uma habilidade cada vez mais valorizada no mercado, para isso algumas práticas são necessárias:


- Esquecer um pouco os concorrentes - Não ficar obcecado pelos concorrentes. É bom saber o que eles fazem, onde estão, mas não dá para fi car preso a isto querendo copiar o que já está sendo feito.


- Aprender todos os dias - Ter compromisso com a curiosidade, exercitar a habilidade de aprender coisas novas. Pois saber sobre a sua área é uma obrigação, mas é preciso ampliar os conhecimentos para agregar mais repertório. Ter o olhar atento e aprender sobre outras situações ou mercados e diversificar ajuda na produção de conhecimento.


- Não queira apenas vender - Estar ligado ao que acontece ao nosso redor ajuda a trazer ideias novas e fortalecer autenticidade da marca. Ajude e educar, pois também com isso se ganham parceiros e até defensores da marca. Entenda quais são as dúvidas do seu público e pense de que forma pode ajudar no esclarecimento delas.


- Humanize a sua marca - Pessoas não são um número, é preciso se conectar com o cliente, falar com ele da mesma forma que ele fala com as outras pessoas.


- Pesquise as tendências - Ninguém estava preparado para esta pandemia. Mas ela chegou e precisamos lidar com isso. É necessário estar plenamente ligado ao que está acontecendo, apurando o olhar para identificar os sinais que o mercado envia, e ao mesmo tempo ler e estudar para criar bagagem.

Ela concluiu a sua apresentação destacando que o conteúdo criativo não é o fim, mas o meio para se ganhar a confiança das pessoas. “Perceber o que a sua audiência quer não vai salvar uma empresa, mas deixá-la relevante no mercado.”


Qual é a história que você conta? Gestão e posicionamento nas redes sociais

*Renata Arteiro

"As pessoas não criam perfis nas redes sociais para comprar, mas para se relacionar. Cada vez mais marcas e empresas estão nas redes sociais mas para muitas fica a dúvida: como se destacar entre tantos? A resposta é: com conteúdo de valor para o cliente. Pois, rede social não é lugar para conteúdo muito publicitário. Além de conversar com o público, é preciso estar presente na conversa dele com as outras pessoas. Para isso é necessário observá-lo, investigar quais são os seus gostos e, a partir dessas informações, en- tão pensar sobre o que se pode apresentar a ele, mas que esteja dentro do seu perfil de interesses. Desta forma a venda se torna uma consequência.


Todo o conteúdo da marca deve estar relacionado com o foco de interesse do seu público, mas é muito importante cuidar para não se deixar levar pela onda dos modismos que não tenham qualquer relação com sua marca ou o seu propósito. Conteúdos ralos transformam a internet em uma vitrine desinteressante. Tenha o consumidor como prioridade, não poste conteúdo que fale somente sobre você. Inclua assuntos que sejam do interesse de seu consumidor.”


Comentando que tudo nas redes sociais se refere a contar histórias e gerar emoções, Renata garantiu que dá para gerar conteúdos interessantes independente do orçamento que se tiver disponível. “Vale, por exemplo, contar como o produto é feito, quais são os materiais utilizados, detalhar algumas etapas do processo, quais os reais benefícios para o consumidor ou ainda quais são os rostos por trás de uma empresa, produto ou marca.”


Entidades apresentam certificações de sustentabilidade


As atividades do segundo dia (6) iniciaram com um webinar para a apresentação das certificações de sustentabilidade Origem Sustentável (calçados e componentes) e CSCB (couros).


Criado em 2013 e reformulado em 2019, o Origem Sustentável foi apresentado pelo gestor de Projetos da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Cristian Schlindwein, e pela superintendente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Ilse Guimarães. Voltado para produtoras de calçados e fornecedores de insumos, o selo certifica processos produtivos sustentáveis nas dimensões ambiental, econômica, social e cultural. Cristian explicou que os conceitos modernos de sustentabilidade já não levam em consideração apenas o aspecto ambiental, embora este seja o mais conhecido. Destacou, ainda, que a certificação consegue abraçar empresas de todos os portes e maturidades na questão da sustentabilidade, pois possui diferentes níveis de certificação (Diamante, para 100% dos indicadores alcançados; Ouro, para 90% dos indicadores; Prata, para 75% dos indicadores; e Bronze, para 50% dos indicadores). “Quando a empresa adere ao programa, ela recebe um manual de implantação dos indicadores e passa por treinamentos antes de solicitar a certificação e auditoria externa. Ou seja, recebe toda a assistência necessária”, ressaltou.


Ilse destacou que a cadeia coureiro-calçadista tem os mesmos princípios e responsabilidades. “No momento em que estamos indicando um programa em que se vê um sistema como um todo, através de diversas dimensões como econômica, ambiental cultural e social, mostramos ser um grande caso de sucesso, de que juntos somos melhores e podemos formar um setor mais sustentável. O setor coureiro-calçadista nacional é o único no mundo rastreado do início ao fim de toda a cadeia produtiva, que de ponta a ponta tem os mesmos princípios e as mesmas responsabilidades. Quando essas certificações estiverem em todo o sistema produtivo, o setor da moda por inteiro sairá ganhando e seremos modelo para o mundo como uma das cadeias produtoras mais sustentáveis”, comentou.


Na segunda parte do evento, o gestor de Inteligência Comercial do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Rogério Cunha, apresentou a certificação CSCB, voltada para curtumes que praticam processos de produção sustentáveis. De acordo com ele, o Brasil é um dos maiores produtores do couro no mundo com o maior número de curtumes com selo sustentável, sendo referência em certificação própria. “Queremos somente colocar um selo no produto, mas melhorar os processos, agregando ganhos econômicos e sociais para as empresas.”


Ele sublinhou ainda que o CSCB, com norma ABNT e portaria Inmetro, traz vantagens competitivas não só para o couro mas para toda a indústria nacional devido à seriedade na gestão da sustentabilidade econômica, social e ambiental. “A gestão da sustentabilidade tem como princípios o sistema de sustentabilidade com 153 indicadores para a avaliação a partir de uma dimensão ambiental mais robusta.”


As empresas participantes podem ser certificadas em quatro níveis - Bronze, Prata, Ouro ou Diamante. Para conquistar o certificado bronze é preciso atender a 50% dos indicadores aplicáveis; na categoria Prata, é necessário atender a 75% dos indicadores aplicáveis em todas as dimensões; a certificação Ouro exige que 90% dos indicadores aplicáveis sejam atendidos em todas as dimensões; já para conquistar o Selo Diamante a necessidade é ter 100% dos indicadores aplicáveis atendidos em todas as dimensões.


Cadeia coureiro-calçadista promoveu rodadas virtuais de negócios


Durante a terça-feira (6), quarta-feira (7) e quinta-feira (8) das 9h às 17h30min aconteceram diversas Rodadas de Negócios com o intuito de aproximar compradores e fornecedores da cadeia produtiva do calçado, visando a criar oportunidades de geração de negócios, bem como a inspiração a partir das possibilidades em moda e inovação.


O gestor de Projetos da Abicalçados, Cristian Schlin- dwein, explica que o objetivo foi facilitar a conexão entre fornecedores e calçadistas neste momento de restrições aos encontros físicos em função da pandemia do novo coronavírus. “A iniciativa surpreendeu pelo engajamento das empresas, o que mostra que nesse novo modelo de negócios está cada vez mais presente na cultura corporativa”, destacou.


Para o calçadista Fabia- no Silveira, coordenador de compras da Piccadilly, a iniciativa foi válida para as empresas, especialmente as que, em função da pandemia, acabaram tendo o quadro reduzido. “Participar de uma agenda desta forma nos permite otimizar o tempo e focar nas nossas necessidades”, disse. Segundo ele, a empresa marcou novos encontros com fornecedores para proceder testagens de produtos. “Certa- mente, alguns negócios irão evoluir”, contou.


Mateus Barcelos, diretor de Marketing da Zani Barcelos, destacou que a ferramen- ta veio para ficar. “Esse meio de campo realizado pelas entidades representantes Abicalçados e Assintecal foi muito importante, pois fez o cruzamento das demandas e ofertas do mercado, otimi zando tempo e aproximando as empresas”, comentou, ressaltando que foram criadas novas parcerias e que negócios ficaram alinhavados para o futuro.


O IBTeC participou de quatro encontros nessas rodadas. A gerente comercial do instituto, Karin Becker, salienta que a instituição intensificou os atendimentos online desde o início da pandemia, e as Rodadas de Negócios são um avanço na consolidação deste formato de prestação de serviços e de transação. “Os encontros virtuais significam uma oportunidade a mais para conversarmos com pessoas diferentes de empresas que já atendemos ou ainda complementar algum atendimento já prestado, além de começar uma negociação com um cliente em potencial. Este é um caminho a ser continuado para aproximar ainda mais o IBTeC das empresas e do mercado, encurtando as distâncias”, pontua Karin.


O gerente de Mercado e Marketing da Artecola, Jairo Korndoerfer, ressaltou que as rodadas de negócios digitais otimizaram o tempo de fornecedores e fabricantes de calçados, pois as reuniões foram agendadas por meio de solicitação de interesse dos próprios clientes. “As reuniões também foram objetivas e extremamente produtivas, com agendamentos posteriores para apresentações físicas dos produtos e testagens em produção”, avaliou.


Caio Cezar Prado, diretor da Inpu, também saudou a iniciativa, que casou necessidades e ofertas das duas partes da cadeia. “Acredito que é uma nova forma de trabalho que veio para ficar e será fundamental para ajudar a acelerar o processo de inclusão digital das empresas”, pontuou.




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