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Fórum IBTeC de Inovação


A Semana do Calçado foi encerrada com o segundo painel do 6º Fórum IBTeC de Inovação. O evento teve como debatedores a diretora de inovação da Confederação Nacional da Indústria, Gianna Sagazio, o secretário Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS, Luís da Cunha Lamb, e a secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo, Paraskevi Bessa Rodrigues, O mediador foi o Dr. Valdir Soldi, vice-presidente executivo do IBTeC.


A Inovação como fator de desenvolvimento econômico e de competitividade industrial


O vice-presidente executivo do Instituto, Valdir Soldi, abriu o evento falando que as empresas precisam ter produtos diferenciados, que venham da inovação. E lembrou que, especialmente, neste período de globalização, de crise, em que o mundo passa por um momento difícil, é ainda mais importante inovar.


O mediador abriu para os debatedores responderem à questão: no Brasil, existe a cultura da inovação, ou a gente precisa trabalhar muito ainda sobre isto? Luís Lamb foi o primeiro a responder, enfatizando que “o Rio Grande do Sul e a região Sul do Brasil têm, sim, características empreendedoras. Nossa cultura é de empreender e gerar negócios”. Citou o próprio setor do couro e do calçado, que se iniciou especialmente no Vale do Sinos, subindo a Serra e chegando até a fronteira Oeste.


Sobre a questão da inovação, o secretário afirmou que “ao longo dos anos, a gente percebe cada vez mais movimentos para preservar competitividade. Lembrou de movi- mentos sucessivos em busca da excelência: tivemos movimentos pela qualidade na década de 1990, o movimento pela competividade nos anos 2000 e agora temos o movimento pela inovação. Por que isto? Porque as demandas do mercado e dos consumidores precisam ter uma resposta mais rápida. No momento, por estarmos em um período de transição econômica, caracteriza- do pela tecnologia, cada vez mais acelerada, a inovação passa a fazer parte do cotidiano dos nossos empreendedores, das nossas instituições de ensino e pesquisa e chega aos governos.


No entendimento do secretário “sem dúvida, o Estado brasileiro, no sentido das regulações e dos mecanismos de incentivo, precisa ser condizente com a situação econômica mundial. A diferença deste momento de disrupção é que estas novas tecnologias que temos hoje são aplicadas em múltiplos setores. No passado, as tecnologias tinham utilidades específicas para cada setor da economia; hoje temos uma realidade em que as tecnologias de automação e análise de dados são tecnologias verticais, que têm impacto sobre todos os setores da cadeia econômica”.


No Rio Grande do Sul, afirmou o secretário, a inovação é uma necessidade. Precisamos reformular nossa forma de pensar sobre como sermos agentes econômicos no Século XXI. Mudanças de processos com revolução tecnológica e mudanças de tecnologia exigem mais agilidade, nos obrigam a pensar em inovação, constantemente.


A secretária Paraskevi afirmou que Lamb conseguiu sintetizar de forma muito eficiente e situação atual. “Temos muitas formas de atuar, processo de evolução constante. O maior desafio, como gestores públicos, é encontrar ferramentas que nos mostrem como teoria pode se transformar em coisas práticas.”


Na sequência, o moderador perguntou aos debatedores sobre as estratégias que os governos estadual e municipal vêm desenvolvendo para apoiar o desenvolvimento econômico e quais as ações que estão sendo feitas para incentivar o desenvolvi- mento tecnológico.


O objetivo da inovação é qualificar a atividade econômica e qualificar a vida das pessoas. No Estado, vários programas, um deles um programa guarda-chuva chamado Inova RS, com participação ativa dos empresários e dos municípios, com participação forte da Feevale, Unisinos e instituições de ensino da região. O programa visa a explorar e desenvolver, agregar a inovação ao desenvolvimento da região. A inovação serve como ferramenta para incrementar e qualificar aquilo que a região tem em termos econômicos e de desenvolvimento. O programa envolve todas as instâncias da sociedade - a academia, lideranças empresariais, os governos municipais e as instituições que representam cada segmento.


Outro programa que o governo estadual entende que é muito importante também no caso da região é o Tec Futuro, de tecnologias portadoras de futuro, que visa a agregar tecnologias identificadas como capazes de transformar e fazer com que a evolução das matrizes da economia do Estado aconteça de forma mais acelerada - apoiando empresas de todos os setores econômicos, em parceria com instituições de ensino e pesquisa, para agregar novas tecnologias para empresas de todos os portes.


Da mesma forma, o governo assinou em 1º de outubro um programa de produtos premium, que visa dar visibilidade e auxiliar empreendedores da indústria a qualificarem seus produtos para uma questão de posicionamento de mercado, o que é muito importante em um momento que temos que competir com países que têm produção em massa. O programa tem como objetivo colocar o Estado em condições de diferenciar aquilo que a gente produz.


A secretária Paraskevi falou sobre o que o município está trabalhando na área da inovação. “Estamos em um momento um pouco diferente, porque estamos concluindo um mandato, oportunidade de fazer uma revisão do trabalho feito nestes quatro anos. Gostaria de me concentrar no ponto específico da inovação, na gestão pública. No nosso caso, gostaria de enfatizar a vontade do governo municipal de criar um ambiente para ajudar os setores produtivos. Achamos que precisávamos mudar. Iniciamos projetos para transformar a cidade de Novo Hamburgo em um laboratório aberto para a inovação. E para isto é necessário não apenas recursos financeiros, mas também qualificação dos servidores para poder ajudar a população a alcançar objetivos de crescimento econômico. Investimento, regulação e qualificação são os pilares do governo municipal”, afirmou a secretária. Lembrou que “tivemos uma característica específica na cidade, porque havia empréstimo de 46 milhões de dó- lares junto ao BID, através do qual conseguimos executar nossa visão para um município inovador. Iniciamos com a criação de ferramentas que vão nos ajudar a chegar lá. Do ponto de vista da infraestrutura, a criação de um Centro de Inovação Tecnológica”. A secretária enfatizou a decisão do município de alocar recursos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico para a Secretaria da Educação, gerando investimentos em 24 escolas da rede municipal de ensino, com a instalação de mini- laboratórios de inovação. “Com isto inserimos na matriz curricular novas competências. Todas as ferramentas estão sendo colocadas à disposição das crianças, porque elas serão os futuros empreendedores e multiplicadores desta visão de inovação para nossa cidade.”


Quanto à qualificação, Paraskevi relatou que 99% dos empreendedores de Novo Hamburgo são micro e pequenos empresários, que fazem parte da cadeia produtiva principal, que é o metal-mecânico e calçadista. Em parceria com o Sebrae, foi feito um investimento para apoiar estes empresários, para que eles possam passar pela pandemia, e saiam deste período mais preparados e qualificados. Com novos modelos de parcerias foi possível alcançar o maior número de empresários que passam por dificuldades, não somente para sobreviver agora, neste período tão desafiador, mas para eles poderem crescer.


A diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, iniciou sua participação no debate falando da importância de difundir a inovação, em todos os setores da economia. Como participante da CNI, diz que “a inovação é fundamental para que a gente tenha uma indústria fortalecida, competitiva e de que de fato possa dinamizar nossa economia e gerar melhor qualidade de vida para as pessoas”.


Convidada para falar sobre o cenário no Brasil, ela afirmou que na CNI o tema é muito relevante. Por entenderem que inovação é funda- mental para tornar a indústria brasileira mais forte e mais competitiva. Lembrou que indústria no Brasil têm perdido muitas posições nos últimos anos, e que hoje o setor participa com apenas 11% no PIB nacional. Gianna entende que “inovação na estratégia requer trabalho não apenas do setor empresarial, mas do governo e da academia”. E falou sobre o lançamento da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), movimento que reúne as principais lideranças do Brasil, comprometi- das e engajadas com a uma agenda de políticas públicas de inovação e com ações para tornar nossas empresas mais inovadoras. Hoje, são mais de 350 empresários participando do movimento. Relatou ainda que há cinco anos o grupo se associou ao Índice Global de Inovação, para entender por que o País não está bem quando são medidas performances dos países. O objetivo é buscar inspirações para pro- mover mudanças.


Um dos pontos que a MEI trabalha é a questão das engenharias no Brasil, com um grupo de trabalho que está propondo atualização dos currículos dos cursos de engenharia, junto ao MEC e ao Conselho Nacional de Educação. De acordo com Gianna, “hoje temos aprova- das novas diretrizes curriculares, formuladas com base no que é a demanda das empresas, com perfis de engenheiros que vão atender às demandas das empresas, um passo importante para a inovação no setor industrial. Entendemos que engenharia é fundamental para que se tenha um impulsionamento da inovação no País”.


Para finalizar, a secretária de Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo afirmou que existe espaço para a gestão local, para as comunidades locais se organiza- rem, encontrar soluções inovadoras para a sua recuperação e para a saída desta situação tão desafiadora que todos nós estamos enfrentando. “No caso de Novo Hamburgo, temos todos os elementos e criamos as condições para o desenvolvimento, independentemente da situação que vamos enfrentar”. Falou do trabalho que o município vem fazendo para garantir a diversificação da economia, entrando em cadeias produtivas com valor agregado, “para modificar nosso perfil e criar novas competências para a nova economia”. Lembrou mais uma vez do trabalho feito com as crianças, em busca da educação para a inovação.


Luís Lamb finalizou sua participação no debate lembrando que a questão da inovação requer agregação de conhecimento. “A competição passa a exigir muita criatividade e muito conhecimento de base científica e precisamos iniciar pela educação. Se de um lado as lideranças empresariais estão cientes da necessidade e inovação, de outro precisamos de qualificação da nossa educação, passando a ter uma base científica maior, para lá na ponta a gente colher os resultados. Hoje, os líderes empresariais dizem que não chegam os engenheiros, e isto é resultado de nós não termos feito a lição de casa lá atrás, há algumas décadas. Não existe país que deu certo sem investir na educação de base científica e tecnológica”.


Gianna Sagazio afirmou que “a gente precisa trabalhar para informar, conscientizar as pessoas de que a inovação deve ser prioridade do Brasil”. Citou o orçamento para 2021 que vai ter uma redução enorme no setor de pesquisa e ciência. “Um orçamento que já era pequeno vai ficar ainda menor. Sem inovação não vamos conseguir superar as várias crises que estão superpostas - de saúde, econômica, social, desemprego, e voltar a crescer.” Pediu que os deputados votem a favor do PL 135, para assegurar recursos para ciência, inovação e tecnologia no ano que vem.

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