Absorção de energia na região do salto: parâmetro crítico para calçados de proteção
- simoni62
- 25 de jul.
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Atualizado: 4 de ago.

Por Matheus W. Luz - Supervisor Técnico do Laboratório de EPI Calçados do IBTeC
Imagine passar oito horas ou mais em pé, caminhando sobre concreto, subindo escadas ou carregando peso. Para milhões de trabalhadores brasileiros, essa é a rotina diária — e o cansaço, as dores nas pernas e até lesões crônicas são riscos reais.
Para tanto, a absorção de energia na região do salto é um parâmetro fundamental para avaliar a eficácia de calçados de proteção, especialmente em ambientes laborais onde os usuários estão sujeitos a impactos repetitivos ou longas jornadas em pé.
O ensaio padronizado pela ISO 20344:2021 + Emenda.1:2024 (Item 5.17) permite quantificar essa capacidade por meio de métodos precisos e reproduzíveis, garantindo que os calçados atendam aos requisitos mínimos de segurança e conforto.
O procedimento consiste em submeter o salto do calçado a uma força de compressão progressiva, aplicada por um equipamento capaz de medir até 6.000 N, seguindo a classe de precisão 2 da ISO 7500-1:2018.
O pressionador, fabricado em polietileno e com geometria específica para cada tamanho de calçado, é posicionado no centro da área do salto, comprimindo-o a uma velocidade controlada de (10 ± 3) mm/min, até atingir uma força de (5.000 ± 50) N.
Durante o ensaio, registra-se a curva de carga versus deslocamento, permitindoo calcular a energia absorvida por integração numérica. Além da conformidade normativa, que exige um mínimo de 20 Joules para que o calçado receba a classificação “E” na ISO 20345, a absorção adequada de energia está diretamente relacionada à redução de fadiga muscular e à prevenção de lesões ocupacionais.
Avanços tecnológicos recentes têm elevado o padrão de desempenho nessa área, com o desenvolvimento de espumas viscoelásticas de alta densidade e estruturas gradientes que otimizam a distribuição de forças.
Outro fator importante, que pode auxiliar na absorção de energia plantar, é o uso de palmilhas internas removíveis. Estas podem apresentar o diferencial de conforto não somente em relação à absorção de energia, mas também por sua capacidade de absorção e dessorção de umidade, como água e suor, que de outra forma tenderiam a ficar em contato direto com os pés dos usuários.
Para garantir a seleção adequada, recomenda-se priorizar produtos com certificação independente e laudos de ensaio atualizados, considerando não apenas a capacidade de absorção, mas também fatores como:
espessura do solado,
compatibilidade com a carga dinâmica esperada,
resistência a variações térmicas.
A constante evolução dos materiais e métodos de ensaio reforça a importância de uma especificação técnica criteriosa, assegurando que os calçados profissionais ofereçam proteção efetiva e conforto duradouro em diferentes cenários de trabalho.



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