Para se ter um calçado apropriado para as necessidades diversas de cada tipo de usuário é necessário combinar várias tecnologias, que por sua vez são fruto de extensas pesquisas e desenvolvimentos, e passam por rigorosos testes em laboratórios antes de chegarem ao produto final. Essas tecnologias são desenvolvidas pelas indústrias da base da cadeia produtiva, que desenvolvem desde os insumos para as matérias-primas até avançados sistemas de amortecimento, ventilação e suporte estrutural. Cada aspecto de um calçado é cuidadosamente projetado para proporcionar conforto e desempenho ideais às demandas específicas de corredores, atletas, trabalhadores e indivíduos com diferentes idades e necessidades físicas, cuidando ainda do meio ambiente.
Pensando em diminuir o impacto ambiental causado pelo setor fabril, a Bertex desenvolveu uma linha de crochê de algodão sustentável feita de material reciclado da indústria têxtil, sem adicionar produtos químicos e nem utilizar água durante a etapa do processamento. Thaís Berwanger, do setor de desenvolvimento de produto, conta que com a utilização desse material a empresa ajuda a diminuir a quantidade de resíduos gerados por diversas indústrias parceiras. “A matéria-prima é recolhida junto a fabricas do segmento da moda de Santa Catarina. Depois da coleta, os restos de tecidos são reprocessados, dando origem a uma nova matéria-prima disponibilizada para diversas aplicações, como o uso em forros e cabedais, por exemplo”, explica Thaís. As opções de cores são bem diversificadas e a composição da cartela é elaborada a partir da própria separação dos materiais recebidos.
A Openfield elaborou uma camurça reciclada, que é composta em 50% de poliéster cru e a outra metade reciclada, podendo ser usada tanto em cabedais quanto em forros. O diretor Eduardo Alberto Schemes conta que as matérias-primas têm diferentes origens - fios reciclados comprados e fabricação própria terceirizada. “Em uma composição simples, é excelente para forros, mas ao ser dublado em filme de cana-de-açúcar e fio de algodão reciclado, agrega propriedades ainda melhores e se torna uma alternativa para o uso também em cabedais”, detalha. Além desta linha, a empresa desenvolveu outra para forro e cabedal. É a tecnologia High solid, um tecido com aplicação de PU expandido sem a camada de coagulado, que é responsável pela hidrólise. “Essa técnica torna o produto mais macio, aumenta a resistência física e de hidrólise, além de ser um material sintético à base água”, conta.
A Magma destaca duas marcas, a Espugum/Ortholite e a Magma. Presente nas principais marcas esportivas, a Edpogum Ortholite lançou um material respirável, antimicrobiano, com propriedades de absorção e dessorção de umidade, memória e alto conteúdo de reciclado de espuma e pó de borracha e óleo de mamona. É o OrthoLite HybridPlus-Bio que expande a linha de formulações ecológicas. A Magma, por sua vez, traz palmilhas de reforço Tubox 100% de material reciclado, mais durável, à prova d´água, com alta resistência à flexão e excelente colagem. “Tubox, é um composto termoplástico reciclado, reciclável e sustentável, fabricado com tecnologia inovadora e econômica que aproveita resíduos plásticos de difícil reciclagem, que por terem baixo valor comercial iriam para o lixo (poliolefi nas variadas). Com o upcicle, o material se tornou uma opção sustentável”, contextualiza o diretor Fernando Nicory.
A Tacosola tem soluções para as principais especialidades do mercado - sustentabilidade, antimicrobianos, alta resiliência, conforto e preço. O diretor de marketing e TI, Rodolfo Moehlecke, conta que os maiores avanços estão nos tecidos e no EVA, proporcionando uma boa relação custo-benefício, alto desempenho mecânico e alta durabilidade. “Para o segmento de calçados esportivos, por exemplo, os polímeros são voltados ao alto desempenho mecânico, já o EVA oferece conforto, menor peso e preço acessível”, assegura. Outro mercado em que o conforto é uma das prioridades é o de EPI calçados. Por outro lado, os calçados para o dia a dia têm como preocupação o custo final. “O EVA é um produto acessível e está em uso em linhas de calçados em geral. Mas nem por isso é um material inferior. Pois, cada vez mais incorpora novas tecnologias, como o EVA verde a partir de cana-de-açúcar, um produto usado há bastante tempo”, salienta.
A linha Aquadim, da Fibertex, é uma manta de fibra de poliéster que incorpora a tecnologia spunlaced - fibras entrelaçadas por sistema de jato de água a pressão muito alta. De acordo com o representante comercial Wellington Madeira, o componente é oferecido em diferentes gramaturas (de 30 a 300 g/m2 ). “Usado como base para a montagem de cabedais, ensaque e palmilha, e para dublagem em substituição da manta agulhada, proporciona um aspecto mais uniforme, o que possibilita uma ampla gama de acabamentos”, contextualiza Wellington. Já a diretora de marketing, Nívea Furlan, observa que “é um material linear, com resistência superior ao rasgamento, feito com aproximadamente 20% de fibras recicladas. Outra vantagem é a possibilidade de corte a fio, que é mais limpo e por isso melhora o acabamento”.
A Brisa desenvolve tecidos tecnológicos para diversos segmentos, como esporte, moda, segurança e hospitalar. A linha Brisa Bio, produzida a partir de fibras de poliéster 100% recicladas, apresenta dois produtos para cabedal e forro. O Ecosense traz em sua composição 78% de materiais sustentáveis - resinas originárias do milho e também fibras de poliéster reciclado, oferecendo maciez, flexibilidade e absorção do suor, para qualquer tipo de produto. Outro material é o Brisa Metal para lâminas resistente à abrasão e flexão com durabilidade superior. “O produto é até oito vezes mais resistente à abrasão, com alcance de 150 mil ciclos de flexão para forros e cabedais”, garante o analista de criação de moda, Franciele Pezzi.
Líder no mercado de componentes para calçados, a Boxflex desenvolve uma série de produtos que atendem a diversas exigências do mercado, como contrafortes, palmilhas e couraças. Na linha se palmilhas de montagem, destaca dois artigos. Um deles é a linha feita de celulose ou não tecido impregnado, para a estruturação do calçado que, de acordo com o Técnico Marcos Ev, é o chassi do calçado, oferecendo estabilidade ao caminhar. O outro produto é uma palmilha de montagem que substitui a palmilha de conforto. Esta é feita com dublagem em EVA e com isso o palmilheiro só precisa fazer a forração, o que significa um excelente custo-benefício, além de agilizar os processos na linha de produção. O material é oferecido em espessuras que variam de 2 a 4 milímetros e é indicada para qualquer tipo de calçado como sapatilhas, calçados sociais e também calçados esportivos.
A indústria de laminados Crespi, dentre uma ampla cartela de produtos para calçados, tem a linha de forros Ecosoft, que contém em sua composição 30% de viscose, um material de fonte renovável. “O apelo sustentável, que é uma exigência cada vez maior do mercado, soma-se a outras propriedades, como tratamento antimicrobiano e antifúngico, alta resistência à hidrólise, além de contar com uma cartela de cores flexível, podendo ainda ser customizado pelos clientes, proporcionando variados acabamentos”, assinala a designer e consultora de desenvolvimento, Daiana Ruschel Ros. Ela salienta que, com espessura de 0,7mm e as propriedades de absorção de suor e transpirabilidade, o material atende às necessidades para o conforto aos pés, tendo ainda a possibilidade de receber acabamento pigmentado metalizado com a vantagem de o efeito não sair com o uso. “Essa é uma vantagem adicional, principalmente para as empresas que utilizam o produto também para a construção de tiras e adornos”, complementa Daiana.
Uma das soluções da FCC para a colagem de materiais é o HM738, um adesivo hotmelt sólido que é derretido, para ser aplicado em spray. O material, de acordo com Raul Eismann, técnico em Engenharia de Vendas e Projeto, é isento de solvente, não tem perda durante o processo, oferece maior versatilidade de aplicação e evita a degradação do forro, pois não agride o laminado sintético. “O nosso produto mantém as mesmas propriedades de colagem dos demais adesivos, o que confere amplo uso tanto em calçados infantis, femininos e masculinos casuais, quanto pelo segmento esportivo que exige muita performance dos materiais”, informa Raul. Além de não amarelar com o tempo e nem migrar para outras partes do calçado, o material tem alta produtividade e é tack permanente, ou seja, favorece a adesão das peças com pouca pressão.
A Dublauto elaborou a palmilha de conforto em rolo bidensidade voltada para o amortecimento de impacto durante a pisada. O material, de acordo com o diretor Evandro Wolfart, combina EVA perfurado, espuma de alta densidade e dureza, e não tecido com tratamento hidrofílico e antimicrobiano. “No material que forra a palmilha, além do tratamento antimicrobiano também se pode aplicar um composto hidrofílico natural, que torna o sistema de dessorção muito rápido. Para isso se utiliza um produto em duas bases - uma em cupuaçu e outra em aloe vera -, hidratantes que aceleram o processo de absorção e secagem, protegendo os pés dos usuários.”
A Zahonero desenvolveu um látex derramado utilizando tecnologia própria, que, conforme o diretor geral da Zahonero Brasil, Salvador Ribó, foi concebido para oferecer conforto ao usuário agregando ainda propriedades biologicamente corretas. A principal unidade de fabricação do novo produto é a brasileira e o material recebe em sua composição 100% de substratos naturais, sendo que 65% da matéria-prima são látex naturais, extraídos de forma responsável dos seringais do nosso país. “O resultado disso é uma palmilha que oferece conforto, segurança, obtendo alta performance em resiliência e memória, sendo ainda um material antibacteriano e que ajuda a manter o pé permanentemente seco, quando combinado com forros também tecnológicos”, contextualiza Salvador.
O coordenador de vendas, da ITM, Geverson Argenta, afirma que dentre as propriedades mais buscadas para a promoção do conforto durante a o uso de um calçado estão o microclima seco. E isso se consegue oferecendo ao fabricante materiais com tecnologia que proporcione alta absorção e facilite a dessorção da umidade. Também estão entre as preferências o toque macio, que é obtido pelo uso de espumas com alta resiliência, alta densidade, e que o calçado não promova mau cheiro, que é evitado através de sistemas antimicrobianos. “Tudo isso e muito mais são propriedades recorrentes em diversos produtos da ITM. Entre eles, temos uma linha impregnada de microcápsulas que ao se romperem durante o uso liberam fragrâncias e hidratantes à base de aloe vera, que causam sensação de bem-estar”, destaca Geverson.
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