A moda como forma de expressão e desenvolvimento financeiro foram alguns dos temas preferidos das mulheres trans e travestis que participaram do programa SOMA, Somos Mais Fortes em Conjunto, promovido em colaboração pelas empresas Basf, LinkedIn, Natura e Visa. Realizado durante o segundo semestre de 2021, a iniciativa ofereceu mais de 54 atividades, com treinamentos, consultorias e mentorias, com o objetivo de educar financeiramente e preparar para o mercado de trabalho as mais de 30 mulheres travestis e transexuais que vivem no Centro de Acolhida Especial Casa Florescer, em São Paulo/SP.
Elas participaram de dinâmicas - a maioria virtuais, e receberam conteúdo com o objetivo de impactar a construção de identidade de cada uma e prepará-las para a vida profissional. Dentre as participantes, 76% concluíram o treinamento, segundo a ChatClass, edtech responsável pelo aplicativo que viabilizou a entrega do conteúdo de acordo com o tempo e individualidade de cada pessoa.
Para ampliar o engajamento, foram doados pela Basf smartphones às participantes que não dispunham do aparelho, dado que a ferramenta de ensino funciona por meio de WhatsApp. A Visa também ofereceu um cartão pré-pago com o nome social de cada participante, com saldo proporcional à pontuação acumulada individualmente ao longo da jornada para estimular o aprendizado e promover as lições de educação financeira obtidas durante o projeto.
As empresas decidiram apoiar a população trans e travesti por ser o grupo mais afetado pela violência e preconceito relacionados à identidade de gênero. A população trans tem expectativa de vida de 35 anos no Brasil, sendo que 90% vivem na informalidade ou marginalidade. “É fato que lidar com ferramentas corporativas, nunca vivenciadas, gerou um impacto na vida das pessoas que participaram da capacitação SOMA e favoreceu muito o resultado quando a equipe conseguiu trazer a metodologia para uma linguagem próxima da realidade delas. A resposta vem acontecendo naturalmente no dia a dia de cada uma e entendendo que cada pessoa tem seu tempo, o conhecimento continua sendo disseminado e utilizado, até sob uma nova ótica”, considera o idealizador e coordenador da Casa Florescer, Alberto Silva.
“Para mim foi maravilhoso, de extrema importância, muito lindo todo o suporte que o SOMA tem nos dado. Foi uma experiência grandiosa, empresas importantes, levando conhecimento, ensinando a usar ferramentas para sabermos como vender nosso próprio peixe”, afirma Rihanna Borges Barbalho, uma das participantes do projeto. “Tenho muita gratidão e torço para que esta ação não termine, que ela venha a agregar ainda mais em conhecimento e oportunidades.
Existem muitas mulheres trans e travestis que não tiveram acesso à educação, mas com toda a ajuda e apoio do pessoal do SOMA, elas foram aderindo e fomos nos ajudando umas às outras. Tenho muito a agradecer por esta abertura de conhecimento, pela conexão, valorização pessoal e por voltar a refletir que nós também fazemos parte da sociedade e do mercado de trabalho.”
A participante, Aliciah Kalloch, considera que, além do Programa SOMA contribuir para a visibilidade das mulheres trans e travestis ao orientá-las para o mercado de trabalho, o apoio psicológico foi outro fator importante. “Além de toda bagagem de conhecimento e estratégias, o curso nos dá uma mentoria emocional. Por exemplo, mesmo após a conclusão, tenho contato com pessoas de diferentes empresas que me dão dicas e até motivação, que, infelizmente, muitas vezes falta”, conta Aliciah.
A busca contínua pela melhoria, o senso de comunidade e o trabalho em equipe foram as principais expectativas sinalizadas pelas participantes em relação às características profissionais. No final do processo, 14 currículos foram coletados para contribuir na busca por um novo trabalho. O LinkedIn, maior rede social profissional do mundo, ofereceu uma oficina de mentoria para construção do perfil na rede e boas práticas para a busca de novas oportunidades.
A identidade visual do programa foi criada pela artista gráfica Camila Gondo, trazendo a transformação da natureza em harmonia com as cores da bandeira trans (azul, branco e rosa).
A iniciativa contribui para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas: Igualdade de gênero, Trabalho decente e crescimento econômico e Redução das desigualdades.
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