O último dia 7 de outubro foi de comemoração para o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), que na data completou 48 anos. O presidente executivo da instituição, Paulo Griebeler, ressalta que o ano de 2020 trouxe muitos desafios, mas ao mesmo tempo representa um divisor de águas para a equipe, que teve que se adaptar as novas exigências do mercado, como aprender o uso de novas ferramentas tecnológicas ou ainda tornar rotineira a utilização de tecnologias que antes eram apenas de uso esporádico, e isso trouxe um salto de qualidade para os serviços prestados pelo IBTeC. “Os resultados de 2020 talvez não superem os do ano passado, mas graças aos esforços redobrados da equipe, não teremos perdas substanciais”, preconiza o presidente.
Ele lembra que a instituição colocou em prática o Planejamento Estratégico 2020-30, realizado em 2019, pensando nos próximos dez anos, tendo como meta triplicar o tamanho do IBTeC neste período. “Ao mesmo tempo, temos um desafio estratégico, de sermos cada vez mais reconhecidos como referência em pesquisa em inovação e tecnologia, e pela excelência na prestação de serviços, em todas as nossas áreas de atuação - desde serviços em laboratórios, passando por consultoria, no atendimento das expectativas e necessidades dos nossos clientes e associados”, enfatiza.
A capacidade de atendimento ao setor de EPIs triplicou nos últimos anos
Para alcançar seus objetivos, a instituição planeja prospectar oportunidades de mercado, dando continuidade ao projeto de diversificação de suas áreas de atuação, trabalho que a atual gestão realiza desde que assumiu a instituição, há oito anos. Paulo cita o caso específico do setor de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que registrou crescimento exponencial na participação do faturamento do instituto. Os fabricantes de calçados de segurança sempre estiveram entre os clientes dos laboratórios do IBTeC. No início da década de 1990, a instituição conquistou o credenciamento junto ao Ministério do Trabalho para a emissão de Certificado de Aprovação (CA) para calçados de segurança e para luvas, o que proporcionou ao instituto o protagonismo em relação à análise e emissão de CA para equipamentos como calçados, luvas e vestimentas.
A partir de 2010, a instituição começou a intensificar investimentos para atender este setor, decisão impulsionada pelo crescimento do segmento no País. Os investimentos realizados nos últimos 10 anos triplicaram a capacidade de atendimento na área de EPIs, equipando os laboratórios de ensaios da instituição, além da qualificação de seus profissionais. “Todo o aporte em capacitação profissional, melhorias e ampliação do parque tecnológico e aquisição de novas tecnologias feitos ao longo dos últimos anos aumentou a agilidade para atender a um setor que trouxe muita demanda para a instituição - no ano de 2020, os fabricantes de máscaras, luvas e vestimentas precisaram muito da nossa estrutura, consolidando nossa posição neste segmento”, contextualiza o presidente.
Enfatizando que o maior capital das organizações são os recursos humanos, e que o IBTeC trabalha com a qualificação permanente do seu quadro de colaboradores, Paulo conta que, no período da pandemia, foi criado um comitê de gestão de crise para monitorar todo o processo, sempre com o foco em não demitir profissional algum. “Inclusive os oito estagiários que foram contratados antes do início da crise foram mantidos, porque estas contratações fazem parte do projeto de crescimento da equipe, para formarmos novos profissionais capacitados para os próximos desafios que teremos pela frente”, ilustra.
Consolidação do IBTeC Digital
Uma das grandes conquistas do ano de 2020 foi a consolidação do IBTeC Digital, um caminho que já vinha sendo trilhado nos últimos quatro anos e foi acelerado ao longo deste período tão atípico. Hoje, os laboratórios de Biomecânica, de Caracterização de Materiais, de Microbiologia, de Substâncias Restritas e de Luvas e Vestimentas realizam cursos de atualização de forma digital superando as expectativas dos clientes pela qualidade no atendimento, agilidade e qualidade nos serviços prestados e rapidez na entrega dos laudos gerando satisfação aos parceiros. “Hoje, o instituto entrega os laudos em tempos recordes, o que com certeza é um dos fatores que nos levaram ao aumento tão significativo da participação do setor de EPIs. Com nosso setor comercial atento às exigências do mercado, estabelecemos uma estratégia de preços competitivos e a agilidade nos prazos de entrega tem sido a receita do nosso sucesso”, comemora Paulo.
O IBTeC Digital também proporcionou a continuidade das ações públicas, como o Happy Hour com Tecnologia, que era realizado mensalmente em seu auditório no formato 100% presencial, com a participação média de 100 pessoas por edição. Com a pandemia, os encontros passaram a ser quinzenais, de forma digital, ultrapassando o número de 1.000 visualizações em algumas palestras.
Também no formato digital, foi realizada de 5 a 8 de outubro a Semana do Calçado 2020, uma ação idealizada em parceria com o Sebrae RS, com a participação das entidades setoriais e de promotoras de feiras do sistema do couro e calçado, com palestras e encontros online em uma maratona de quatro dias de eventos (veja o conteúdo dessas apresentações na matéria especial sobre a 5ª Semana do Calçado).
O trabalho nas redes sociais tem colocado o instituto em uma vitrine de alto alcance, permitindo acessar clientes que ainda não conheciam a instituição e os serviços prestados, em todo o Brasil e nos países vizinhos na América do Sul. Com atuação forte em canais próprios no Facebook, Instagram e Linkedin, o IBTeC ampliou a divulgação do cardápio de possibilidades ofertadas ao mercado e conquistou o reconhecimento de todo o sistema coureiro-calçadista e de outros setores por sua atuação.
Consultorias para indústrias e projetos do NIT cresceram
Setores que também tiveram muita movimentação no IBTeC ao longo de 2020 foram o de consultoria para indústrias e o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT). As duas áreas trabalham de forma conjunta, agregando os conhecimentos do Laboratório de Biomecânica, para apoiar as indústrias na busca de novos modelos, inovações em pesquisa e tecnologias para superar os impactos da pandemia. Foram meses de trabalho intenso, para atender às necessidades de todos os segmentos assistidos pelo instituto. “Este ano, tivemos um incremento de 20% no número de empresas atendidas por estas áreas, e acreditamos que em 2021 nossos clientes estarão com muitas novidades desenvolvidas em parceria com nossos laboratórios”, enfatiza o presidente executivo.
Preparação das indústrias para a exportação
No momento em que se acentua a guerra comercial entre Estados Unidos e China, os calçadistas brasileiros têm a oportunidade de voltar a ganhar espaço no mercado americano de calçados. Pensando nisto, o IBTeC intensificou seu atendimento na preparação das indústrias nacionais para as exportações. Os laboratórios de caracterização de materiais oferecem ensaios físico-mecânicos e para a obtenção de CAs que atestam o atendimento de exigências técnicas destes mercados. Já o laboratório de substâncias restritas fornece laudos de atendimento às normas de uso de produtos químicos em cada componente e insumo usado nos produtos exportados, de acordo com as exigências específicas de cada país. O processo de atendimento aos exportadores brasileiros inicia na consultoria - os técnicos do instituto podem acompanhar e encaminhar cada produto para o atendimento das exigências, evitando barreiras técnicas para a entrada nestes mercados. A consultoria do IBTeC também atende fornecedores de componentes para as indústrias exportadoras, agilizando processos e promovendo o ganho de tempo para a adequação dos produtos.
Inovação em conforto, performance e sustentabilidade
Com 18 anos de experiência em pesquisas científicas realizadas por uma equipe de doutores em biomecânica, o IBTeC apoia as indústrias brasileiras na busca de agregação de valor aos seus produtos, a partir de tecnologias de conforto. A instituição busca alternativas de insumos e componentes que resultem em um calçado com conforto percebido, e neste vínculo buscando a permanente melhoria em seus produtos. Nos mesmos laboratórios são pesquisadas e desenvolvidas tecnologias de performance para calçados esportivos e para calçados funcionais. Mas os laboratórios do instituto não estão focados apenas em atendimento às regras de uso de produtos químicos em outros países ou às tecnologias de conforto. A instituição desenvolveu, conjuntamente com as entidades do setor coureiro-calçadista, um manual para atender também o mercado interno no tema da sustentabilidade, um dos aspectos mais visados por consumidores de todo o Planeta
Análises microscópicas
Outro setor que tem grande potencial para crescimento é o Laboratório de Microbiologia, onde são realizadas, por exemplo, as pesquisas referentes a ação de microorganismos como fungos e bactérias nos materiais, e como isso impacta na capacidade de biodegradação dos componentes dos calçados ou na questão do mau cheiro em calçados.
Tecnicouro é o elo entre fornecedores e a indústria de transformação
No rol de soluções para o mercado, o IBTeC também edita o principal veículo impresso com assuntos técnicos e científicos do sistema coureiro-calçadista - a Revista Tecnicouro. Criada há mais de 40 anos, a partir da necessidade das indústrias calçadistas brasileiras para a qualificação tanto da mão de obra quanto dos produtos para atender ao exigente mercado de exportação, a publicação evoluiu junto com a cadeia produtiva nacional sendo um agente facilitador para toda essa transformação. Hoje, assim como o próprio IBTeC, a revista se tornou ainda mais abrangente contemplando também as necessidades de informações de outros setores, como o de EPIs.
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