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Falta de pessoal qualificado é o maior obstáculo para inclusão digital das MPE


Para 55% dos donos de pequenos negócios, que ainda não entraram no digital, a maior dificuldade para conseguir inserir as micro e pequenas empresas nesse mundo é a falta de funcionários com habilidades e conhecimentos. Apesar deste obstáculo, entretanto, a maioria dos empreendedores (76%) que ainda não digitalizou suas empresas pretende investir, nos próximos seis meses, para começar a efetuar vendas por meio da internet e aplicativos.


Os dados foram revelados por uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O levantamento ouviu 1.205 empresários (entre microempresas e empresas de pequeno porte) na segunda quinzena do último mês de dezembro. Quase 91% dos entrevistados afirmaram já ter acesso aos benefícios do mundo digital e 85% destes destacaram que o uso da internet e aplicativos melhorou a situação da sua empresa. Esses resultados estimulam os donos de pequenos negócios a continuar investindo nessa estratégia.


De acordo com o levantamento, 81% dos empresários que já estão inseridos no mundo digital pretendem fazer novos investimentos para ampliar o nível de digitalização do seu negócio. “A digitalização do pequeno negócio é um caminho sem volta e bastante acelerado pelo cenário de pandemia. Nem que seja para atrair e efetivar vendas pelo WhatsApp, os empresários entenderam que é preciso criar formas digitais de manter e ampliar o mercado”, analisa o presidente do Sebrae, Carlos Melles.


A análise da inclusão digital pelo porte do negócio mostra que as empresas de pequeno porte (EPP), na ordem de 92,2%, têm a maior proporção de empresas que já contam com o acesso aos benefícios do mundo digital. Já quanto ao segmento de atividade, o setor de serviço lidera com 91,9% das empresas já inseridas. O setor com menor índice de digitalização é a construção, com 81,8%.


Outra análise feita pela pesquisa procurou identificar a opinião dos donos de pequenos negócios a respeito da concorrência. De acordo com 26% dos entrevistados os benefícios de um aumento da concorrência seriam maiores se este crescimento se desse entre os seus fornecedores. O desejo por uma maior concorrência entre os fornecedores foi registrado pelas EPP (30%) e, em especial, pelas empresas dos setores da construção (36%) e da indústria (32%).


Do ponto de vista do acesso ao mercado digital pelos pequenos negócios, o consultor da Unctad Fernando Furlan, que participou da elaboração do estudo, alerta para o fato de que essa dependência de acesso a plataformas de mercados digitais gera preocupações concorrenciais no mudo inteiro. “Essa tem se tornando a maior discussão no mundo antitruste de como garantir a inovação das big techs e ao mesmo tempo garantir que elas não sejam abusivas ao ponto de excluir os concorrentes do mercado”, ressaltou. Segundo ele, uma das recomendações do estudo é que os pequenos negócios tenham acesso ao comércio digital de forma igualitária se contrapondo a estratégias de fechamento de mercados de grandes empresas, por exemplo. Para isso, ele aponta que as autoridades, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), fiquem atentas à formação de estruturas anti-competitivas em mercados digitais.


Cooperação internacional

Os dados da pesquisa foram apresentados durante o Segundo Diálogo Regional da Unctad-Cepal sobre MPMEs e Políticas de Concorrência, no dia 25 de março. O evento online foi realizado em cooperação com o Sebrae. Os participantes apresentaram o cenário da política de concorrência em seus países da América Latina e Caribe diante dos impactos da crise gerada pela pandemia da Covid-19 sobre os pequenos negócios, principalmente no acesso aos mercados digitais.


Na ocasião, o diretor de Administração e Finanças do Sebrae, Eduardo Diogo, destacou que, no Brasil, os pequenos negócios possuem grande representatividade no contexto empresarial e, apesar da crise, lideram a geração de empregos no País. “O Sebrae desde o início da pandemia tem tentado mitigar os efeitos nas MPE, seja na articulação com o governo brasileiro ou dando orientação às empresas, incluindo-as com base no conhecimento e no comportamento, bem como incentivando-as na transformação digital”, declarou.

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