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Em que as indústrias de epis se diferenciam para enfrentar os desafios de 2020


O setor de EPIs no cenário atual: desafios, necessidades e oportunidades - o que as empresas estão fazendo de diferente? Este foi o tema proposto pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) - para a edição de 10 de junho do Happy Hour com Tecnologia, realizado no formato de live. Coordenado pelo gestor de Inovação do instituto, Deivis Gonçalves, o evento teve como debatedores o gerente nacional de vendas da Ansell Brazil, Leandro Melo, o diretor comercial da BSB Equipamentos de Proteção Individual, Émerson David Silva, e o presidente da Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (Animaseg) e diretor da JGB Equipamentos de Segurança, Geraldo Brasil.


Deivis abriu o encontro explicando que a proposta do IBTeC com a live é “entender como está o setor de EPIs em meio a toda a realidade imposta por este momento que é vivido por todas as economias do Planeta”.



O gerente nacional de vendas da Ansell Brazil, Leandro Melo, abriu sua participação respondendo ao questionamento de Deivis Gonçalves sobre a situação deste momento. Relatou que a Ansell está completando 127 anos de mercado, e é uma empresa líder mundial especialmente na parte de proteção das mãos que emprega mais de 13 mil colaboradores em mais de 55 países.


Segundo Leandro, a Ansell posicionou-se na linha de frente no combate ao Covid-19, em nível mundial, protegendo os trabalhadores da área de saúde e também da indústria. No Brasil, a empresa está mantendo todos os empregos, sem demissão alguma, nem redução de jornada de trabalho ou salários.


O ano de 2020 está sendo muito bom para a Ansell, que registrou incremento de 83% na produção e vendas, no período de janeiro a maio deste ano. Muito pulverizada, a Ansell tem um portfolio bastante diversificado, e atualmente está trabalhando na inovação nos segmentos que estão mais ativos neste momento da pandemia.


O presidente da Animaseg, Geraldo Brasil, fez um relato sobre a forma como a entidade está auxiliando os associados. Enfatizou que o momento é singular para o segmento, porque “o equipamento de segurança individual hoje está na cabeça de todo mundo no mundo todo”. Ressaltou o tempo único de reconhecimento da importância do EPI para proteger e salvar vidas.


A Animaseg foi criada em 1978 e congrega 160 fabricantes de EPIs - Equipamentos de Proteção Individual e de EPCs - Equipamentos de Proteção Coletiva. Ressaltou a importância da entidade no movimento de estruturação e normatização no setor, com contribuição extremamente importante ao longo destes anos mencionando a importância do IBTeC com laboratórios que realizam ensaios exigidos legalmente para a certificação dos equipamentos comercializados pelo setor.


Contextualizando a entidade, Geraldo enfatiza que a Animaseg tem 160 associados, entre os cerca de 1.300 registrados no Brasil. Mas estes associados representam 80% do volume de EPIs e EPCs comercializados no País. O segmento gera em torno de 100 mil empregos, segundo dados da associação. O Brasil tem hoje em torno de 13 mil Certificados de Aprovação (CA) em vigor. O faturamento do setor no Brasil é de em torno de US$ 2,4 bilhões. O faturamento global do setor é de US$ 41 bilhões.


Segundo o presidente, “a Animaseg sempre enfrentou desafios ao longo dos anos. Porém, um dos maiores dos últimos tempos, além do Covid-19, foi a publicação da MP 905, em novembro de 2019 (MP Verde e Amarelo), que entre as mudanças propostas, incluía alteração do Art. 167 da CLT, ou seja, extinguia o CA, mantendo apenas a obrigatoriedade dos laudos de ensaios de laboratório dos EPIs.


Imediatamente a Animaseg articulou os associados, inovando na criação do RA (Registro Animaseg), mantendo assim a continuidade da organização dos EPIs no mercado, que sempre foi a nossa grande preocupação. O governo retirou esta MP no final de abril de 2020. Com isso, retornou a obrigatoriedade do CA, como antes da MP. Em seguida a Secretaria do Trabalho publicou a Portaria 11.437, dando prazo para regularização de todos os CAs por 180 dias”.


Geraldo Brasil falou sobre o principal desafio para o setor - o Brasil consome apenas 25% do volume potencial de EPIs. A falta de uma cultura de valorização da proteção de trabalhadores é a principal causa desta situação. O empresário e líder do setor lembra que “independentemente da situação que se vive hoje no mundo, em que os equipamentos de proteção estão sendo extremamente valorizados, o País tem um potencial de crescimento em torno de 75%. Este é o principal desafio para as indústrias deste setor.


As indústrias de equipamentos de proteção se veem como um hospital ao inverso - elas proporcionam que profissionais que trabalham nas mais diversas áreas possam realizar suas atividades e possam retornar para casa, para o seio de suas famílias, com segurança. Esta é a nossa grande missão, este é o nosso propósito”, afirma o dirigente setorial.


Já o diretor comercial da BSB Equipamentos de Proteção Individual, Émerson David Silva, respondendo ao mesmo questionamento, afirmou que os negócios reduziram muito logo no começo da crise. E após os 15 dias de fechamento total das empresas, as lojas e os multimercados não retornaram à atividade normal e as indústrias diminuíram sua produção. A BSB tomou atitudes e não demitiu. De acordo com Emerson, “a empresa continua mantendo sua produção, se adequando a esta nova posição. Fomos ao mercado buscar alternativas”. Ciente de que há mudanças, a BSB, segundo Émerson, “teve que aprender algumas coisas muito rápido. O volume de vendas caiu, mas a empresa está mantendo um ritmo bom, fez boas parcerias com os fornecedores, não teve problemas de matérias-primas nem de entrega. A BSB está conseguindo abastecer seus clientes muito bem. Entre os mercados que mais demandaram está o alimentício”, pontua.


Perguntado sobre o principal desafio imposto pela pandemia, o presidente da Animaseg respondeu que a associação também teve que se reinventar. Entre as oportunidades que surgiram está a visão de que há novos clusters que podem ser estimulados pela entidade para que venham a produzir no Brasil, para atender demandas novas, como o caso da área hospitalar. Outra questão importante tem sido a sensibilização junto aos associados para que façam um esforço de adesão à digitalização de suas atividades e de seus atendimentos. “A entidade também está atenta e trabalhando para criar um ambiente Brasil mais favorável para que muitos equipamentos que não vinham mais sendo produzidos no País por uma questão de competividade, possam voltar a ser produzidos novamente.” Usou o exemplo da área hospitalar, que está sendo atendida por muitas indústrias brasileiras que não atuavam nesta área, e que conseguiram ser ágeis para suprir a grande demanda deste momento.


“Na BSB, houve uma mudança muito grande, com a implantação de uma estrutura mais ágil, com atendimento ao cliente de forma diferente. Nós criamos alguns portfolios novos, para atender segmentos de mercado que não eram atendidos pela empresa, e nos adequamos para atender mercados que ainda não faziam parte da nossa realidade, entre eles o calçadistas e o hospitalar”, sublinha. Uma das iniciativas que a BSB teve que implementar foi orquestrar ações com os distribuidores, para agilizar a entrega dos produtos ao cliente final. Emerson relatou ainda que a empresa está muito mais próxima de seus distribuidores, auxiliando na administração de estoques e consequente agilização no atendimento ao mercado com mais eficiência.


A BSB incorporou muito mais tecnologia dentro da sua linha de produtos, com destaque para a área de proteção dos pés e da saúde, com protetor facial, com aventais e abriram novos mercados. A BSB está buscando inovação e muita tecnologia para fazer frente ao novo mercado que permanecerá a partir da pandemia.


“Para a Ansell, o principal desafio está sendo atender ao aumento da demanda na divisão de saúde, em função do Covid-19, especialmente com as luvas nitrílicas finas e vestimentas químicas”, afirmou o gerente nacional de vendas, Leandro Melo. Com isto, uma das oportunidades que a empresa viu é fabricar as vestimentas no Brasil. A ideia é iniciar com dois modelos, já a partir de julho, o que vai ajudar bastante para conseguir atender esta demanda dos profissionais que estão atuando na linha de frente no combate à doença. Outro desafio foi conseguir formar preços, apesar da forte alta das matérias-primas no mercado internacional, aumentando a capacidade produtiva nas principais plantas industriais, para atender o crescimento da demanda de EPIs. Neste cenário, o foco é incrementar a carteira de produtos, com vários lançamentos ainda este ano no Brasil.


Sobre as perspectivas para o futuro, o presidente Animaseg disse entender que no futuro o País terá outra dimensão de mercado. Pela procura junto à entidade, Geraldo Brasil acredita que o setor será muito mais competente e muito mais competitivo após a pandemia, porque estará mais preparado para atender às novas exigências que o mercado passará a adotar como o comportamento normal. Ele acredita que equipamentos que não eram produzidos no Brasil passarão a ser. E disse acreditar que haverá uma mudança significativa neste aspecto.


Deivis Gonçalves falou da questão cultural como um fator importante para a implantação da inovação nas empresas e enfatizou a importância deste momento vivido pelo Planeta como uma alavanca para as inovações que estão sendo impostas a todas as empresas, de diversos tamanhos em vários segmentos. “A gente sabia que o mundo estava mudando, mas em uma velocidade que a gente estava conseguindo acompanhar. A pandemia veio para mudar de uma vez por todas, exigindo que lideranças e empresas se reinventem”, concluiu.


As empresas patrocinadoras do Happy Hour com Tecnologia de 2020 são: Colorgraf, Grupo Stickfran, Killing S/A, Merkator Feiras e Eventos, Solvay Group / Rhodia e Zahonero.



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