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A evolução passa também pela cadeia de suprimentos



Para que uma empresa desenvolva produtos sustentáveis, não basta ter atitudes de impacto positivo somente nas etapas de produção, antes disso é preciso estruturar uma cadeia de suprimentos que ofereça materiais e insumos com esta mesma concepção. Um exemplo bem-sucedido é a matéria-prima de fontes renováveis patenteada pela Degrad para a fabricação de borracha biodegradável. De acordo com o diretor industrial e de desenvolvimento da empresa, Tulio Sergio Fulginiti, o processo tem comprovação da sua eficácia em todos os testes com ele realizados, demonstrando que é possível se produzir um composto de látex ambientalmente correto que preserva as características de performance exigidas pelas indústrias dos mais variados segmentos.


São três soluções alternativas desenvolvidas para as indústrias de beneficiamento de borracha. O DGD SOYPLST 2020 é um óleo vegetal modificado para substituir os óleos aromáticos, parafínicos, nafténicos e o DOPs. Já o DGD CO, oferecido nas versões 300, 350 e 400 trata-se de um derivado de cereais que entra no lugar do carbonato de cálcio e caulim. Enquanto isso, o extrato da cana-de-açúcar DGD. ECR WT, BG é usado em substituição ao óxido de zinco e a estearina.


Com a implantação destes insumos na composição da borracha, produtos como solados de calçados, pneus e peças técnicas passam a ser de fontes renováveis ou biodegradáveis, deixando de usar óleos contaminantes, cargas minerais e metais. “Esta tecnologia revolucionária já existe no mercado há 20 anos. O que mudou neste tempo todo é que hoje conseguimos as parcerias certas para testar e atestar a qualidade e veracidade do produto”, contextualiza o diretor Tulio Fulginiti, lembrando que a empresa trabalha com critérios para auxiliar as necessidades das indústrias de transformação a melhorarem a performance na busca de serem geradoras de impacto ambiental positivo mantendo as mesmas características desejadas nos produtos, como as propriedades de dureza e de resistência ao atrito, por exemplo.


O empresário destaca que um pneu convencional demora em torno de 500 anos para se decompor no meio ambiente, mas quando ocorre a substituição de alguns dos componentes por substratos de fontes renováveis, o mesmo pneu passa a se degredar em apenas cinco anos após ser descartado em local apropriado, com uma taxa de 80% de degradação. Os 20% de matéria resultante apresentam índices de metais pesados e demais substâncias restritivas dentro dos limites tolerados por normas internacionais.


Testes Laboratoriais


O coordenador técnico do Laboratório da Qualidade do IBTeC, Ademir de Varga, conta que para a realização dos testes foram desenvolvidos três tipos de borracha - fórmula padrão, de fontes renováveis e com materiais biodegradáveis. As amostras foram submetidas a testes com o uso de ultravioleta para acelerar o processo de envelhecimento para comparar com os materiais não envelhecidos. Os resultados preliminares conferem que o produto apresenta uma boa resistência à colagem, além de ter sido aprovado nos testes químico, físico e de substâncias restritivas. “O material atingiu uma boa percentagem de biodegradabilidade e a presença de metais solúveis ficaram dentro dos limites”, pontua Ademir.


Outro exemplo sustentável vindo da indústria de base é o termoplástico extrusado com fibras naturais, uma exclusividade desenvolvida pela Artecola. Conforme o presidente executivo da empresa, Eduardo Kunst, o material 100% reciclável é usado principalmente na indústria calçadista e no setor automotivo, garantindo ganhos sustentáveis e melhor performance final.


A Artecola é a única empresa na América Latina que oferece ao mercado termoplásticos extrusados com fibras naturais. Registrados sob a marca Ecofibra, os materiais, além de serem recicláveis, podem ainda, dependendo da formulação, ser totalmente biodegradáveis, outra exclusividade da empresa para esse tipo de produto.


As principais utilizações do Ecofibra estão no setor calçadista e no setor automotivo, em peças de estruturação. “A extrusão de termoplásticos com fibras naturais exige alto investimento em equipamentos e refinado conhecimento técnico. São diferenciais que fazemos questão de oferecer ao mercado por conta de nosso foco na inovação e na sustentabilidade”, ressalta o presidente Eduardo Kunst.


No segmento calçadista, a família Ecofibra é usada em couraças e contrafortes, itens que auxiliam na estrutura dos calçados. As couraças são aplicadas no bico, mantendo o formato do sapato. Já os contrafortes ajudam a dar forma à parte do calçado que envolve o calcanhar e também na sustentação dos modelos. As couraças e contrafortes desenvolvidos com este material têm a vantagem de ser mais maleáveis e resistentes, o que permite espessuras menores para manter a estrutura dos calçados com maior conforto e sem interferir no visual.


Reutilização


O produto utiliza como matéria-prima fibras vegetais descartadas por outros setores, consideradas sobras de produção. Estes resíduos ganham nova aplicação na Artecola, substituindo insumos de fonte não renovável. Com isso, dois importantes ganhos ambientais são garantidos: a empresa reduz o consumo de materiais que causam impacto ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, contribui para reduzir a quantidade de resíduos que seriam descartados em outros processos produtivos. Uma das formulações, por exemplo, reduz o uso de polímero (fonte petroquímica) e dá nova aplicação a resíduos de madeira da indústria moveleira.


Somente em 2020, a Artecola reutilizou 2.263 toneladas de material reciclado em sua produção, boa parte desse total direcionado para a família Ecofibra. Essa prática se alinha ao conceito da Economia Circular, que repensa os ciclos de produtos, saindo do modelo linear de extrair, transformar, consumir e descartar da atualidade. O objetivo é atingir um modelo que elimina resíduos e poluição desde o princípio, mantém produtos e materiais em uso e regenera sistemas naturais. “Dentro dessa visão, contribuímos para que nossos clientes criem calçados biodegradáveis, automóveis mais econômicos e produtos finais recicláveis, diminuindo a quantidade de resíduos sólidos em diversos setores”, comemora Eduardo.



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