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A Confecção 4.0 deve traduzir na roupa a diversidade corporal feminina


A ditadura do corpo perfeito é algo que realmente mexe com as mulheres. Mas qual seria o corpo perfeito? No Brasil, os corpos femininos têm vários padrões, uma vez que a população é fruto de uma enorme miscigenação. O corpo violão, que trouxe fama mundial às curvas da mulher brasileira, já não é o mais encontrado por aqui. As formas brasileiras agora ganham destaque no mundo por sua diversidade.


Estudo recente trouxe à tona uma discussão sobre os biótipos brasileiros e a tentativa de homogeneização do corpo feminino pela mídia e pela moda. O corpo vem sendo vítima de modismos cíclicos e passageiros. A subordinação feminina aos padrões de beleza é cada vez mais intensa. Os efeitos causados nas mulheres, que tentam se adequar a essa padronização, podem levar a sérios problemas psicológicos e de saúde. São tentativas de esculpir os corpos a todo custo, com atividades físicas de grande intensidade, cirurgias plásticas e uma infinidade de procedimentos estéticos. Os noticiários exibem reportagens sobre casos de morte de mulheres por causa da busca desenfreada por corpos ‘perfeitos’.


É preciso que as mulheres aceitem o seu corpo - seja ele de que tipo for -, aprendam a lidar com suas formas e aperfeiçoá-las, se for o caso, mas pensando essencialmente na saúde e bem-estar. E a roupa tem papel primordial nesse processo. O Senai CETIQT produziu um estudo antropométrico que considera a diversidade das formas brasileiras no desenvolvimento de modelagens que levem em conta tabelas de medidas industriais que mensuram proporções atuais. Essas modelagens já são aplicadas por professores e alunos do curso de Design de Moda da instituição.


Com base em uma análise de quatro medidas corporais principais - busto, cintura, quadril e quadril alto – de aproximadamente seis mil mulheres, chegou-se a uma tabulação que amplia de cinco para oito, os biótipos femininos utilizados no País. E sinto dizer que a maioria das formas corporais encontradas nesta pesquisa não é aquela tida como ideal no imaginário coletivo.


O sonho da maioria das mulheres é ter um corpo com formas esculturais e proporcionais, como encontramos no biótipo ampulheta. O estudo revelou, porém, que a forma corporal que mais prevalece na população feminina brasileira é o biótipo retangular, ou seja, um corpo pouco curvilíneo.


É preciso entendermos o corpo como uma estrutura fisiológica, reflexo de nós mesmos, dentro de um contexto político, social e cultural. E, como cúmplice dessa comunicação corporal, está a roupa. Quantas mulheres já entraram em cabines para experimentar peças que parecem não terem sido feitas para seu tipo de corpo? Essa dificuldade no que se pode vestir ajuda na busca incessante pelo corpo ideal determinado por um padrão de beleza coletivo. Espera-se, então, que a partir do estudo antropométrico desenvolvido no Senai CETIQT, cada vez mais designers, modelistas, confeccionistas e todos os outros segmentos da área de produção do vestuário possam desenvolver roupas baseadas em corpos reais, aqueles mesmos que desfilam pelas ruas e são a fotografia da sociedade brasileira.


Outra esperança que promete revolucionar a forma de consumir roupa é a Confecção 4.0. Não haverá mais estoques abarrotados de peças padronizadas que parecem servir para apenas meia dúzia de mulheres. No lugar, teremos espelhos virtuais ou scanners, que irão tirar as medidas reais de cada mulher, com a roupa sendo confeccionada com base em seu biótipo. Parece coisa de outro mundo, não é mesmo? Mas está bem perto de virar realidade. Que a 4ª Revolução Industrial seja também a revolução que faltava para que cada vez mais mulheres se aceitem como são. Que a forma corporal almejada seja aquela que traga saúde e não um conjunto de padrões estéticos veiculado pela mídia, chancelado pela moda e esculpido pela medicina estética.

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