Por Luís Vieira e Melissa Zambrano
No calendário anual de eventos setoriais, durante o período de fechamento desta edição da Revista Tecnicouro, com circulação em julho/agosto, estão agendadas quatro importantes feiras - duas calçadistas (Francal em São Paulo/SP e 40 Graus em João Pessoa/PB), uma de materiais para a moda (Inspiramais em Porto Alegre/RS) e outra com lançamentos voltados ao segmento têxtil (Febratex em Blumenau/SC). Em sintonia com todos estes eventos, que visam ao fomento de relacionamentos e negócios, e à disseminação de conhecimento, a nossa publicação - que tem como diferencial ser um elo entre a cadeia de fornecedores e o setor produtivo, através da divulgação de conteúdo tecnicocientífico, além de informações gerais do mercado, traz como reportagem de capa uma matéria abordando diferentes aspectos do setor têxtil. Segmento este que tem investido cada vez mais na implantação de inovações voltadas ao conforto, à saúde e proteção, bem como para melhorar a performance do usuário e buscar soluções que possam aumentar a eficiência e a sustentabilidade em todas as etapas da cadeia produtiva.
Exportação de máquinas para o setor têxtil
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em 2021, o Brasil exportou US$ 57,5 milhões em máquinas e equipamentos têxteis. Os principais importadores são a Alemanha, os Estados Unidos, o Paraguai, a Argentina e o México. No ano passado, a Alemanha movimentou US$ 13,9 milhões, um total de 24,2% dos maquinários têxteis brasileiros. Os Estados Unidos por sua vez compraram o equivalente a US$ 8,2 milhões, aumentando suas importações em 71,6% comparando 2021 com 2020. Já o mercado paraguaio teve um aumento de 96,7% nas importações, alcançando US$ 6,3 milhões. A Argentina movimentou US$ 4,8 milhões no ano passado, enquanto o México totalizou US$ 3,6 milhões. Neste contexto, as máquinas para preparação de matéria têxtil foram responsáveis pelo faturamento de US$ 6,5 milhões. Em seguida, as agulhas para máquinas de costura alcançam US$ 6 milhões no total das exportações.
Para o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), o mercado têxtil é também uma grande oportunidade de crescimento. Por isso, a instituição está avaliando, através da sua equipe técnica, as normas existentes e também os investimentos necessários em estrutura e equipamentos para a realização de novos testes, e com isso aumentar a oferta de serviços para o segmento. “Esta avaliação está sendo realizada também junto às lideranças do setor coureiro-calçadista, pois está crescendo o uso de material têxtil nos produtos e queremos oferecer as soluções para as principais demandas”, diz o presidente executivo do IBTeC, Paulo Griebeler. Ele lembra ainda que o instituto já realiza uma série de testes, por exemplo, de substâncias restritas nos materiais, além de análises mecânicas em EPI vestimentas. “A área têxtil será um dos grandes focos de atuação do instituto para os próximos anos”, revela Paulo.
Entre os materiais mais usados em calçados os têxteis estão na terceira posição
Com o objetivo de gerar informações qualificadas para basear estratégias das empresas da cadeia calçadista, a Associação das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) lançou, no último mês de junho, a 8ª edição do Mapeamento - Quantificação dos Materiais no Calçado. A publicação, desenvolvida pela entidade com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), aponta os principais componentes utilizados na fabricação de calçados brasileiros.
Com uma amostragem de mais de 200 milhões de pares, que representam mais de 54% da produção nacional de calçados - tirando chinelos -, o estudo tem margem de erro de menos de 1%. Os dados apresentados mostram que os cabedais de laminados de poliuretano respondem por mais de 40% do total produzido. Em seguida aparecem os desenvolvidos com laminados de PVC (25%), materiais têxteis (20,9%) e couro (12,8%). Já no forro do calçado é o laminado de poliuretano (60,65%), enquanto nos solados é o PVC (33,3%) e nos enfeites os metais (36,38%). Os adesivos utilizados são majoritariamente à base de água (54,68%).
Têxteis têm cada vez mais destaque no Inspiramais
Seres biônicos e sustentabilidade são temas de pesquisa de moda da Assintecal para o Salão de Inspirações Inspiramais, com a data de realização nos dias 19 e 20 de julho, em Porto Alegre/RS. A pesquisa, intitulada Terra, traz como referências os conceitos de sustentabilidade e metaverso, com os “seres biônicos”. De acordo com o coordenador do Núcleo de Pesquisa e Design do Inspiramais, Walter Rodrigues, os tecidos mais importantes dessa edição são aqueles que buscam na sustentabilidade um diferencial.
“Temos várias propostas de tecidos e de cabedais em Knit, produzidos com fios reciclados, e com diferenciais tais como a poliamida reciclada, nylon biodegradável, tecidos criados a partir de uma proteína do leite, e outras nanotecnologias com propriedades como hidratantes, bactericidas, antiacarianas, fungicidas e repelência a água/óleo, além de vidro líquido todos do Grupo Cofrag. Na Branyl, há o uso de poliéster reciclado em tecidos. Na Bertex, o uso de fios reciclados também está fortalecendo essa ação de inovação e sustentabilidade que são pilares importantes do salão de inspirações”, conta Walter.
Ele ressalta ainda que o Inspiramais deve ser entendido como um guarda-chuva da cadeia da moda - sendo que os tecidos sempre foram importantes itens no Salão. “Podemos buscar um localizador dessa trajetória no ano de 2018, quando realmente tivemos no mix dos produtos oferecidos, mais espaço para tecidos para confecção, mobiliário, calçados e até para o setor automotivo”, relembra o estilista.
O coordenador do Núcleo de Pesquisa e Design destaca que a pesquisa Terra para esta edição do Salão leva em consideração a necessidade do cuidado com o planeta. Segundo ele, grandes crises, tais como as provocadas pelas guerras mundiais e agora pela pandemia de Covid-19, tendem a causar rupturas ou inovações na sociedade. Nesta investigação, surgem com força os temas da pesquisa que darão origem aos materiais apresentados no Inspiramais: Biomimética, Simbiose e Biônico.
Walter explica que Biomimética, conceito que busca referências na natureza para a criação de produtos, reflete a necessidade de se repensar o processo de produção massiva, que está desequilibrando a vida no planeta. “As inovações de materiais ensejam espaços tanto de inspiração biomimética, quanto de bases naturais, chamadas biobased - materiais produzidos por organismos vivos a partir de processos naturais, como fermentação, sendo diferentes dos materiais naturais que são oriundos de fibras vegetais ou animais”, explica o estilista, ressaltando que a referência faz parte do “caminho verde” da indústria mundial e já está presente em grandes marcas como Mercedes Benz, Hermès e Stella Mccartney.
A segunda referência presente na pesquisa é Simbiose, na qual dois organismos convivem harmoniosamente sendo beneficiados por essa ação. “Aqui, os materiais refletem o passado e o futuro, misturando elementos feitos à mão e tecnológicos. Buscamos estimular o acabamento de materiais, como couro, tecidos e madeiras de maneira tradicional, inspirando as novas gerações a valorizarem todo esse rico conhecimento”, conta o estilista.
Fechando as referências da pesquisa, o futuro está presente no Metaverso (programas computacionais que viabilizam a projeção de identidade e uma realidade simulada em gráficos tridimensionais, interagindo com outros usuários por meio de personagens digitais ou avatares), tema de Biônico. “Assim sendo, materiais de moda assumem características de mutação, aspectos inspirados nos efeitos dos ambientes digitais, criando uma espécie de seres humanos biônicos”, ressalta o coordenador da pesquisa. Em sua 26ª edição, o Inspiramais apresenta mais de mil materiais divididos em componentes e insumos para calçados, móveis, bijuterias e confecções.
Febratex lança evento internacional com foco em inovação e sustentabilidade
Espaço trará insights do mundo têxtil através de palestras e mostras de soluções inovadoras
De 23 a 26 de agosto, a cidade de Blumenau/SC é palco para a 17ª Febratex, maior feira das Américas e uma das maiores do mundo no segmento têxtil. Ao todo, serão sete áreas físicas, ocupando os quatro setores do Parque Vila Germânica, mais um espaço anexado ao setor 7 e o Ginásio do Galegão. No total, serão 30.000m² de área total da mostra. Esta edição, além de ser a maior de todas, tem o Febratex Conecta, evento internacional que apresenta soluções inovadoras e sustentáveis para toda a cadeia produtiva da indústria têxtil e de moda brasileira. A instalação estará localizada no setor 3 dos pavilhões, com diversas atrações. “O espaço tem o objetivo de promover o conhecimento e gerar networking para a indústria têxtil”, informa a diretora executiva do Febratex Group, Giordana Madeira.
De acordo com os realizadores da feira, os visitantes podem conhecer uma mostra de soluções sustentáveis e inovadoras, apresentadas por empresas nacionais e internacionais. “O Febratex Conecta nasce com o objetivo de promover e conectar o conhecimento entre pessoas, empresas e indústria, além de gerar conexões e networking entre todos que atuam com a indústria da moda e confecção”, explica Giordana.
Além disso, terá a exposição Green Circle, promovida pelo Citeve - Cen- tro Tecnológico de Portugal. Esta é a primeira vez que a entidade vem às Américas para mostrar produtos desenvolvidos de forma sustentável, como fi bras, fi os, linhas, cordas, tecidos e malhas.
Além disso, terá a exposição Green Circle, promovida pelo Citeve - Centro Tecnológico de Portugal. Esta é a primeira vez que a entidade vem às Américas para mostrar produtos desenvolvidos de forma sustentável, como fibras, fios, linhas, cordas, tecidos e malhas.
Uma outra atração é a Conferência Febratex, com três dias de palestras trazendo conteúdo dos expositores do evento. Os visitantes podem ainda acompanhar um Preview do Febratex Summit, em um dia de conteúdos exclusivos do Febratex Summit 2023. Através desse projeto, o público conhece algumas tendências e tem uma ideia do que esperar do evento no próximo ano. Segundo os realizadores, o foco do Summit é inspirar pessoas a acompanhar o desenvolvimento tecnológico e buscar soluções inteligentes.
Mais inovações
Esta edição conta também com o Startup Corner, um espaço que nasceu na 1ª edição do Febratex Summit, em 2019, com o objetivo de promover soluções de inovação para a indústria da moda brasileira. “Na Febratex 2022, criamos um ambiente exclusivo e acessível para startups que estão iniciando a jornada do empreendedorismo e precisam de apoiadores. O espaço conta com até 18 startups e tem o apoio da Blusoft na curadoria”, explica, Giordana.
O evento viabiliza a conexão entre startups e os seus potenciais clientes, com o objetivo de gerar oportunidades de negócios, que poderão elevar o valor da solução no mercado e atrair investidores. É um encontro entre experiência profissional, inovação e novos modelos de negócios. Também é uma forma de tornar a indústria têxtil mais atrativa aos jovens.
Tecnologia inédita alemã se faz presente
Uma das novidades da Febratex 2022 é a presença da marca alemã Kuris Equipamentos Especiais, através da representante blumenauense Galileu Tecnologia. A marca alemã é especialista em máquinas de enfestar e cortar matérias-primas técnicas têxteis, como fibras de carbono e de vidro, ou mesmo aramados. “Os equipamentos foram desenvolvidos com foco em materiais de uso diário, como couro, tecidos industriais e os usados na fabricação de roupas. Os visitantes da mostra podem conhecer a cortadora automática Kuris TC2222 e a enfestadeira A55”, destaca o CEO da Galileu Tecnologia, Luiz Henrique Ferreira.
A Kuris é uma empresa centenária, cujos produtos se destacam pela produtividade, qualidade, durabilidade e menor custo de manutenção. “São equipamentos fabricados 100% na Alemanha. Eles mantêm a qualidade, a produção e a robustez típica dos equipamentos alemães”, acrescenta Luiz. “A marca é inédita no Brasil e é considerada um dos maiores fornecedores de enfestadeiras e cortadeiras automáticas na Europa e América do Norte”, destaca o CEO. Outro diferencial da empresa é a preocupação com o meio ambiente. O maquinário usa o mínimo possível de lubrificantes. A Galileu Tecnologia também expõe na Febratex produtos das marcas Barudan & Wilcom, InkCups e Mimaki.
Linhas sustentáveis para bordar
O Grupo NS, representante exclusivo no Brasil da fabricante de linhas para bordar Madeira, lança duas novas opções de linhas para bordar sustentáveis (Polyneon Green e Sensa Green). Polyneon Green - produzida a partir de garrafas de plástico usadas, é uma linha de poliéster 100% reaproveitada, oferecendo a mesma aparência brilhante, o mesmo toque e experiência de bordado da Polyneon. Segundo a empresa, as vantagens dessas linhas incluem fabricação com garrafas de plástico pós-consumo; uma gama de 108 cores brilhantes e resistentes; alta qualidade genuína das linhas Polyneon; isenção de substâncias nocivas, certificação para utilização em artigos para bebés e reutilização de resíduos de plástico, poupar recursos.
Sensa Green - a linha foi desenvolvida pensando no planeta Terra. O primeiro fio de bordado de Lyocell Sensa Green é uma verdadeira inovação da Madeira. Produzida de fibras 100% Lyocell, é o fio de bordado mais sustentável disponível no momento. As suas vantagens incluem fabricação a partir de fibras 100% Tencel TM Lyocell, disponível em 144 cores, produção que economiza energia e reutiliza recursos, origem botânica derivada de árvores cultivadas em florestas geridas de forma sustentável, certificação Standard 100 by Oeko-Tex, experiência de bordar totalmente nova com qualidade premium, além de ser totalmente reciclável para uma maior sustentabilidade na indústria têxtil.
Para o diretor-presidente do Grupo NS, Fabio Sartorti, estar mais uma vez na feira é uma ótima oportunidade de networking e fechar negócios. “Essa troca de informações que acontece durante a feira é fundamental para gerarmos conexão com nossos clientes e para a evolução e o sucesso têxtil”, comenta Sartorti. O tema da feira deste ano é sustentabilidade e projeções de inovação, o que condiz com os objetivos do grupo.
Novidades sustentáveis no mundo têxtil: o que vem por aí
O segmento têxtil é apontado como um dos grandes poluidores do planeta. Mas notadamente cada vez mais são desenvolvidas novas tecnologias para reverter esse quadro, atendendo a uma demanda crescente de um mercado expansivo. Por isso, atender os consumidores não significa mais apenas oferecer novas formas de encantar esteticamente. Significa uma mudança de comportamento, compromisso com campanhas sociais, adesão a inovações que podem melhorar o mundo em que vivemos.
Cada vez mais a moda tem que ir muito além da roupa bonita. Tem que ser posição, engajamento, ter uma identificação de marca forte que demarque seu lugar no mercado. E, como espelho do seu tempo, precisa abraçar as novidades sustentáveis que estão surgindo.
Os têxteis tecnológicos, por exemplo, respondem por uma fatia imensa desse bolo. Para se ter uma ideia, estima-se que até 2032 representem 43% das vendas globais do setor, segundo o Technical Textile Market. Esse índice deve significar 67 milhões de toneladas de têxteis técnicos consumidos. E há novidades sustentáveis para todos os setores. Conheça seis soluções que já fazem parte do mundo têxtil.
1 - Têxteis de alto desempenho
Usados em uma quantidade imensa e diversificada de indústrias, os têxteis técnicos feitos de compostos poliméricos já são a maioria da participação de mercado, e devem chegar a 58% do mercado global de tecidos técnicos nos próximos dez anos. Estes compostos apresentam propriedades mecânicas, de durabilidade e sustentabilidade superiores, além de poderem ser mixados com diferentes fibras técnicas não poliméricas, aumentando ainda mais a variedade de aplicações.
2 - Fibras naturais
De acordo com a última pesquisa da Mordor Intelligence, as fibras naturais são uma das grandes novidades sustentáveis no mundo têxtil. Consideradas mais leves e resistentes, o aumento da procura tem sido impulsionado pela abundância de matéria-prima, especialmente algodão, na China, Índia e Estados Unidos. Estão em foco, principalmente, a seda (vestuário e estofamento, devido às suas granulações), lã e juta (principalmente por sua suavidade, resistência e elasticidade).
3 - Não tecidos
Conhecidos popularmente por TNT, os tecidos não tecidos são caracterizados pela estrutura plana, flexível e porosa. São constituídos por véu ou manta de fibras ou filamentos direcionados ou ao acaso. A estrutura pode ser elaborada por processo mecânico, químico ou térmico ou pela combinação de dois ou de todos estes processos. Maleável e flexível, o material é largamente utilizado no mundo têxtil, na confecção de tênis, paramentação médica descartável, forros de estofados, ecobags e itens sustentáveis em geral, fraldas e absorventes higiênicos etc. No entanto, um uso que está puxando a demanda dos não tecidos é a sua aplicação como geotêxteis na construção de estradas, aumentando sua durabilidade. Da mesma forma, espera-se que a indústria automobilística também impulsione significativamente a produção e TNT nos próximos seis anos.
4 - Tecidos inteligentes
São uma das grandes apostas do mundo têxtil para a sustentabilidade na moda. A estratégia já está se tornando um diferencial de referência em marcas como Under Armour, Levi’s, Tommy Hilfiger, Sensora, Loomia, Hexoskin, CuteCircuit. Essa última, por exemplo, está usando tecidos inteligentes nas coleções de alta costura e projetos especiais, como o Hug Shirt. Nele, é possível enviar abraços eletrônicos através de sensores dentro da roupa. Já a Spinali Design desenvolveu um projeto especial em beachwear no qual sensores de luz ultravioleta integrados às roupas de praia informam ao usuário quando é hora de aplicar protetor solar e também aos pais quando as crianças ficam muito próximas da área de surf.
Google e Levi’s também estão inovando no mundo têxtil com os tecidos inteligentes. Antes da pandemia, em 2019, as marcas fecharam uma parceria para a produção do Projeto Jacquard: uma jaqueta jeans com mangas inteligentes com controles de toque integrados. Microsoft e Apple também estão de olho no uso inteligente dos tecidos. A primeira registrou patente da Electronically Functional Yarn, uma tecnologia com funcionalidade elétrica para uso em moda e entretenimento de tecidos inteligentes. No mesmo ano, 2019, a Apple também registrou patente para o monitoramento da saúde através de roupas com tecidos inteligentes.
5 - Circularidade
A circularidade também está no mote das ações sustentáveis no mundo têxtil. Há iniciativas pipocando por toda parte. A italiana Orange Fibers, por exemplo, está fazendo história com uma fi bra semelhante à seda. O diferencial é a matéria-prima: cerca de 700 mil toneladas de cascas de laranja que acabariam em aterros sanitários na Sicília. Por outro lado, a Evnu está transformando resíduos de roupas de algodão usadas em fibras celulósicas. Dependendo das funções adicionadas, elas podem se compor tar como fi bras naturais ou sintéticas. Já a Egea está transformando cascas de uva em um tecido semelhante ao couro. De acordo com o relatório Preferred Fiber, 24% das empresas entrevistadas disseram que já desenvolveram uma estratégia têxtil circular e 57% disseram ter uma em andamento.
6 - Roupas orgânicas
Fáceis de manter e limpar, as roupas produzidas com matéria-prima orgânica também ganham cada vez mais espaço. Com design cada vez mais atraentes e sofisticados, estudos mostram que a demanda tem tido um crescimento de cerca de 30% ao ano. E exemplos não faltam. Estilistas de peso, como Rogan Gregory, Katherine Hamnett e Stella McCartney já inseriram o algodão orgânico em suas coleções de moda. A Raymonds tem uma linha inteira de roupas feitas de tecido de bambu, com aspecto semelhante ao do linho. O material concede ao tecido propriedades antibacterianas, antiestáticas e capa- cidade extra de reter a umidade. Ou seja, mesmo no verão escaldante o usuário pode sentir frio. A empresa também utiliza a soja para desenvolver alternativas sustentáveis no mundo têxtil. O tecido produzido ganha brilho extra e propriedade de absorção de umidade. E até marcas como Nike, Patagonia e Timberland também usam percentuais de tecidos orgânicos em suas roupas esportivas. Essas iniciativas sustentáveis mostram como o mundo têxtil busca se reinventar, uma demanda pressionada pelos novos hábitos de consumo e que se torna cada vez mais forte e criativa com a parceria da tecnologia. A Haco oferece diversas iniciativas totalmente integradas às tendências e novidades sustentáveis para as mais variadas coleções de moda e usos no mundo têxtil.
MIT cria tecido que capta sons e os transforma em sinais elétricos
O Masschussetts Instituto of Technology (MIT) desenvolveu em parceria com a Rhode Island School of Design um tecido acústico, que capta as ondas sonoras em suas fibras e as transforma em sinais elétricos. A tecnologia pode ser usada através de um dispositivo que pode servir a propósitos médicos, por exemplo. Ou ainda transformar roupas em ferramentas de comunicação, para atender diferentes necessidades. A tecnologia usa o material piezoelectic, que produz sinal elétrico quando a fibra do tecido sofre alguma deformação, que pode ser causada inclusive pelo som.
Uma das formas de tornar a tecnologia usável é possibilitar que uma pessoa possa falar através de suas roupas para atender telefone, por exemplo. Outras utilidades podem ser o monitoramento do estado cardíaco e respiratório de uma pessoa, em tempo real, por longos períodos de tempo, e o fato de que o tecido seria capaz de captar sons, assim como um microfone.
Com isto, poderiam ser projetadas roupas que reagem graficamente aos sons ou substituir acessórios de áudio associados a telefones. O tecido também pode emitir sons, dando origem a possíveis aplicações para deficientes auditivos.
Singer amplia portfólio com novas máquinas eletrônicas
Aproveitando que o mercado de máquinas de costura eletrônicas teve um crescimento de 306% em 2021 se comparado a 2020, segundo dados levantados pela própria Singer do Brasil, a fabricante, uma das líderes mundiais em máquinas de costura domésticas e industriais, lança dois novos modelos eletrônicos, o C7255 e a Elite CE677.
De acordo com a diretora de Marketing da Singer para a América Latina, Concheta Feliciano, os novos modelos são robustos e ideais para projetos de costura e artesanato, possibilitam trabalhar com diversos tipos de tecidos e explorar a criatividade e personalização com as centenas de pontos disponíveis.
A máquina C7255 é dotada de 192 pontos utilitários, essenciais, decorativos e flexíveis, que possibilitam 417 tipos de aplicação. Com seis casas de botão para tecidos planos e flexíveis, corte de linha automático, fonte de letra, ajuste na largura do ponto em até 7mm e no comprimento até 4,5mm, o equipamento conta ainda com visor LCD que melhora a visualização e ajustes dos pontos, botão de retrocesso, tecla start/stop e opção de pregar botões.
Já a Elite CE677 vem com 119 pontos utilitários, essenciais, decorativos e flexíveis. 411 tipos de aplicações de ponto e seis casas de botão possibilitando realizá-los em um único passo, além de tecla start/stop, controle manual de velocidade, fonte de letra e tela LCD que facilita a visualização do ponto selecionado e a sapatilha utilizada.
Calçado ecológico da Bebecê utiliza mais de 90% de materiais sustentáveis
Rumo à responsabilidade ambiental, a Bebecê faz uso de matérias-primas recicláveis, orgânicas, renováveis e sem tratamento químico nocivo à saúde. Com o uso de materiais inovadores em seus produtos, a marca gera novas possibilidades para reduzir o impacto de gás carbônico no meio ambiente e oferecer calçados cada vez mais confortáveis e sustentáveis.
Nos calçados sustentáveis da coleção B/Green, a Bebecê utiliza a malha Repreve, que é uma fibra de desempenho de marca líder feita de materiais reaproveitados (principalmente garrafas plásticas). As garrafas de material reutilizado são transformadas em uma fibra usada pelas principais marcas do mundo para fazer roupas esportivas e de moda. Este processo incorpora propriedades como absorção, aquecimento e resfriamento adaptativos, e repelência à água. Além disso, faz compensações usando petróleo novo, emitindo menos gases de efeito estufa e economizando água e energia no processo.
O diretor administrativo da Bebecê, Analdo Moraes, destaca que o tecido principal malha Repreve tem como origem PET retirado dos oceanos. “O material é coletado na África e o processamento da matéria-prima é realizado nos Estados Unidos”, pontua o empresário.
A diretora de branding, Renata Moraes, complementa a informação lembrando que o material tem sistema de rastreabilidade e os novos produtos, hoje, são bastante procurados, especialmente por lojas que têm um sistema de e-commerce bem estruturado. “A meta da Bebecê é que a marca sustentável chegue a 20 mil pares/mês, somando os modelos masculinos e femininos”, comenta.
A coordenadora de estilo, Sumaia Guimarães, reforça que o produto foi lançado na feira Zero Grau que aconteceu no último mês de novembro, sendo reapresentado durante o Sicc, no último mês de maio, ambas as feiras realizadas em Gramado/RS. “A novidade no Sicc foram os modelos masculinos”, conclui.
Materiais usados no B/Green
Malha Knit - Fabricada em fibra poliéster produzida a partir de garrafas PET reutilizadas; Espuma - Reduz a zero os resíduos na fabricação e utiliza fontes de energia renovável;
Solado - Composição de PVC + fi bras de bambu, origem controlada e auto renovável;
Cadarço - Feito 100% poliéster reciclável, proveniente de resíduos de garrafa PET;
Forro - 100% feito de fios provenientes de garrafa PET, e tem propriedade bactericida;
Etiqueta - 50% de fibra de retalhos de tecidos e 50% feitos de fios de garrafa PET;
Salto - Fibra 100% de origem vegetal, reduz a liberação de dióxido de carbono;
Tecido - 100% algodão natural e livre de tingimento, e tecido gorgorão com fios reciclados;
Além do Repreve, outro tecido sustentável - também em PET - é usado para alguns modelos, garantindo propriedades mais elásticas aos calçados. Na atual coleção, são oferecidos dois modelos femininos, ambos em Repreve, já para o segmento masculino, um modelo é em malha Repreve e o outro em malha de algodão.
Klin traz linha de calçados com materiais reaproveitados e tingimento natural
Para Klin, ser eco amigável é uma necessidade e por isso a fabricante de calçados infantis lançou a família de produtos Eco Klin cujos modelos fazem parte de uma série de ações sustentáveis que ajudam a contribuir com o meio ambiente e garantir um mundo melhor para as nossas crianças.
Oferecidos em numeração que varia do 31 ao 39, os calçados dessa linha são feitos com materiais reaproveitados e recebem tingimento natural. Os solados possuem em sua composição 20% de matéria-prima reciclada das sobras de materiais da própria empresa, ou seja, é menos resíduo jogado fora e menor uso de matéria-prima virgem, diminuindo assim o impacto ambiental. De acordo o analista de mercado da Klin, Paulo Roberto Nascimento, todo o processo é feito na própria empresa, desde a separação, passando pela trituração dos materiais até a injeção dos solados. Outra característica é o uso de tecido feito de garrafas PET recuperadas do descarte. “Para cada um metro do material utilizado significa o resgate de oito garrafas que seriam descartadas como lixo”, explica Roberto.
Os cuidados da empresa com a preservação do meio ambiente chegam até mesmo nas embalagens, que são de material reciclado e reciclável. “Nossos fornecedores de embalagens são certificados pelo FSC (Forest Stewardship Council), o que comprova a origem correta do papel utilizado”, assegura o profi ssional.
Eco Klin
Cabedal - em lona reciclada feita em algodão com matéria PET;
Atacador - de algodão cru, sem tingimento;
Palmilha - em tecido suedine, com fios reciclados e resíduos de EVA;
Puxador da língua e do traseiro - em PVC;
Solado - em borracha TR antiderrapante, a partir do reaproveitamento de sobras dos processos da própria empresa;
Acabamento em bordado - substitui o ilhós de latão;
Rebite feito da mistura de casca de arroz com ABS - traz a marca fixada;
No lado de fora, os calçados trazem informações sobre as características dos produtos;
20% dos materiais usados são de reuso da própria indústria e há a possibilidade de serem usados novamente, sempre na composição de 20%. A empresa tem injetora própria para esse processamento. Pensando em estimular as crianças a crescerem em harmonia com a natureza, o Eco Klin é acompanhado de uma tag feita de papel reciclado que contém sementes em sua composição. Plantando essa sementinha pode nascer um pé de tomate ou flores como cravos e margaridas.
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