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Movimento 4.0: O desafio na prática


O último dia da Semana do Calçado (8 de outubro) iniciou com o painel Movimento 4.0: O desafio na prática. O painelista Marcos Dillemburg, diretor de Tecnologia e operações da Novus Produtos Eletrônicos, destacou avanços do setor calçadista no Brasil em direção à Indústria 4.0 e comentou sobre o que ainda poderá ser feito para tornar as fábricas mais tecnológicas e eficientes.


“A indústria 4.0, que envolve inteligência artificial, internet das coisas, redes de comunicação e outros conceitos, é uma necessidade cada vez maior para a competitividade das empresas calçadistas. Por isso ela precisa ser vista pelo setor de máquinas como uma oportunidade e não uma ameaça, pois se pode implantar nas máquinas que desenvolvemos as soluções mais desejadas pelo mercado.”


Ressaltando que o jeito de se fazer uma determinada operação pode até continuar o mesmo, mas a forma das máquinas se relacionarem com o processo é o que muda consideravelmente, ele citou um mapeamento em indústrias para ver quais usavam as tecnologias relacionadas à indústria 4.0. O resultado desse estudo mostrou que apenas 29% das indústrias calçadistas brasileiras têm alguma destas soluções implantadas em suas plantas industriais, reforçando a ideia de que há uma grande oportunidade para o fornecedor oferecer um diferencial para os seus clientes.


“A indústria calçadista está atrasada, permanece ainda na Indústria 2.0 enquanto outros setores estão bem mais avançados. Tem que dar um salto tecnológico e implantar sistemas que garantam maior produtividade através da robótica, com monitoramento de desempenho tanto das máquinas quanto dos trabalhadores, melhor aproveitamento dos materiais, inspeção da qualidade mais eficiente, rastreabilidade do produto e muito mais. Sem estes investi- mentos o segmento deixa de ser competitivo no mercado internacional. Mas se por um lado os calçadistas estão atrasados num comparativo com outros nichos de mercado, isso também pode ser visto de uma forma mais positiva, pois muitas das soluções desejadas já existem no mercado a partir do avanço destes setores e podem ser aproveitadas.”


Outro aspecto positivo é que se pode iniciar pelo básico, que é o enxugamento dos processos produtivos, como a digitalização, por exemplo, e ir avançando em paralelo enquanto outros investimentos são realizados. Além disso, lembrou o palestrante, existe no mercado uma série de oportunidades, como tecnologias de baixo custo disponibilizadas, aumento da oferta de crédito para a inovação, o real está desvalorizado, a inflação segue sob controle, assim como os juros baixos, e até mesmo a guerra comercial travada pelos Estados Unidos e a China ajudam o Brasil a ser visto como uma opção para negócios e investimentos. Somado a tudo isso, citou um programa do Governo Federal para capacitar jovens para a indústria 4.0.


“É preciso implantar novas tecnologias aos poucos, buscando eliminar etapas na produção, reduzir variabilidades, diminuir a quantidade de paradas e o tempo de setup, mas também focar em outras áreas que não nos processos, como a logística, por exemplo”.


Para finalizar, apresentou o caso de sucesso da Novus, uma empresa de médio porte que produz 200 mil produtos por ano e iniciou em 2016 um estudo para implantar a indústria 4.0. De lá para cá foi feita experimentação, trocas, e implantação de sistemas, até que, em junho deste ano, decidiu implantar o monitoramento de OEE em uma das células de montagem, partindo do zero.


Menos de um mês depois implantou hardware e iniciou o monitoramento em duas células de montagem implantando um sistema de dois sensores - um para contar quantas peças passavam pela esteira e outro quantas peças são rejeitadas, além de monitorar paradas identificando os motivos, tudo isso online e em tempo real. Agora iniciou a integração com o ERP.


“Devemos lembrar que a tecnologia não é o fim, mas o meio para atingir os objetivos. Além disso, se trata de uma decisão de quem dirige a empresa, mas tem que ser estendida para quem realmente trabalha na produção. Sem este engajamento os gargalos não serão resolvidos e a transformação não vai acontecer. O segredo é ter a mente aberta, buscando sempre a colaboratividade.”

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