A feira avança também no formato digital como elo entre as indústrias da moda e de componentes
A
pós 10 anos como referência para a cadeia de moda nacional e da América Latina, o Inspiramais - Salão de design de materiais para moda, realizou de 25 a 27 de agosto a primeira edição em formato 100% online. Organizado pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), através do projeto By Brasil, Components, Machinery and Chemicals, o evento visa a impulsionar o processo criativo de toda a indústria de confecção, têxtil, calçadista, moveleira, automotiva, acessórios e bijuterias unificando linguagem e metodologia para toda a cadeia produtiva.
Com uma agenda repleta de negócios, informações, apresentação de soluções em design, sustentabilidade, inovação tecnologia, o projeto, segundo os organizadores, recebeu mais de 40 mil visitas nos 150 estandes virtuais, o que gerou 3 mil agendamentos de negócios com as empresas. “Foi um marco para toda a indústria e uma experiência incrível. Não há fronteiras, nem distâncias. O mundo todo passou por aqui”, comemora a superintendente da Assintecal, Ilse Guimaraes.
Baseado no processo de pesquisa desenvolvido por um grupo de profissionais de design coordenado por Walter Rodrigues, o evento apresentou uma série de projetos e soluções em produtos sustentáveis, design inovadores e soluções de inovação e tecnologia, que faz do Inspiramais uma fonte de referências para profissionais e empresas de países da América Latina, Estados Unidos, Europa, Ásia e do continente africano.
Esta edição marca uma mudança de comportamento que redesenha o futuro de toda a indústria. Um futuro mais tecnológico, mesclando o físico com o digital. A moda já vinha flertando com este modelo híbrido e a pandemia acelerou o processo.
Para o presidente da Associação Brasileira da Industria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, o formato online tem suas vantagens, pois, amplia o público, reduz custos e facilita uma integração de participantes nacionais e internacionais. “Claro que não substitui os encontros pessoais, mas em uma fase que você tem dificuldade de realizar eventos com muitas pessoas, certamente é o melhor caminho para que nós mantenhamos os negócios em funcionamento”, afirmou. Para o presidente executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), José Fernando Bello, a convergência do meio físico com o digital traz resultados positivos para todos os públicos, desde a indústria até o consumidor final. “Tivemos três dias de uma troca muito rica de informações e relacionamento, com muita inovação, agilidade e sustentabilidade”, pontuou.
Segundo a presidente da Abimóvel, Maristela Cusin Longh, o Inspiramais é efetivamente onde a moda e as cadeias se integram. “O objetivo é a integração e a agregação de valor entre as cadeias e os seus elos, possibilitando uma maior conexão entre as indústrias de móveis e a moda, através da utilização de materiais diversos, design e inovação. Portanto, pesquisas, insumos, ações apresentadas e a aliança entre setores trazem novas perspectivas e um novo olhar para a indústria”, contextualizou.
Entenda a proposta de diferentes projetos do Salão de Inspiração
Conexão Inspiramais - Com mais de 200 produtos à disposição do mercado, busca uma produção baseada em referências e inspirações únicas, pautada na brasilidade e espelhada em um vasto material de pesquisa desenvolvido por um grupo altamente gabaritado de profi ssionais de design. Sob o tema Free-Spirit foi apresentada a proposta de referências e a metodologia baseada na pirâmide de consumo proposta para a indústria da moda: cartelas de cores, produtos inovadores e soluções em design para as categorias Luxo, Sustentabilidade, Casual, Performance, Artesanal e Tecnológico. O trabalho foi resultado de um trabalho extenso junto com as indústrias brasileiras dos mais diversos polos do país - universalizando o produto nacional e ampliando a assertividade de vendas.
Preview do Couro - Ampla pesquisa de materiais e cartela de cores traduzindo as referências para as próximas coleções, que é referência para as produções de looks e produtos para os segmentos calçadistas, confecção, acessórios, moveleiro, automotivo e de bijuterias. O projeto se propões a encorajar o setor coureiro na criação, aperfeiçoamento e promoção comercial do couro acabado e autêntico, fomentando a imagem dos curtumes no exterior, elevando assim a possibilidade de vendas e valorizando toda a cadeia.
+ Estampa - apresentou os trabalhos de estúdios de design de superfície que comercializam ilustrações, designs, padrões e estampas, oferecendo ao mercado novos materiais, texturas e sensações que provocarão novas percepções do público. Com espaço exclusivo apresenta três estampas por estúdio conectados à pesquisa do Preview 2022_I. As estampas foram formatadas com imagens em movimento trazendo uma nova opção de exposição.
Projeto Comprador - Rodadas de negócios internacionais com inscrições de mais 50 empresas de países junto às indústrias e marcas brasileiras. As rodadas aconteceram dentro de espaços virtuais, com apresentação de produtos em vídeos, por câmera e atendimento personalizado em salas de conferência.
Projeto Imagem - Contou com a participação de 40 jornalistas internacionais, que acompanharam o evento de maneira virtual, levando a imagem das indústrias brasileiras para outras fronteiras para impulsionar e fortalecer a moda nacional no exterior.
Palestras - Uma série de palestras foi apresentada com especialistas nacionais e internacionais nas áreas de moda, inovação, sustentabilidade, varejo e negócios - além das apresentações de casos e notoriedades mundiais, para ampliar conhecimento e proporcionar mais parâmetros para os participantes compreenderem o mercado atual.
Inspiramais em números
Visitantes: 10 mil
Visitas em estandes: 40 mil
Países interagindo: 50
Produtos: 5 mil
Reuniões de negócios: 3 mil
Palestras nacionais e internacionais: 31
Jornalistas internacionais: 40
Compradores internacionais para rodadas: 50
Projetos especiais: 6
Sala de imprensa com atendimento aos jornalistas e abastecimento em três idiomas
Cenário da Moda hoje
Alessandra Martins
co-fundadora do Instituto Rio Moda, do Rio de Janeiro
Alessandra trabalha com as marcas para construírem uma imagem forte e consistente, desenvolverem coleções que as valorizem e uma comunicação que conecta o cliente com a marca pela consistência dos seus propósitos. “O branding, o desenvolvimento de coleção e a comunicação caminham juntos, e neste momento especial de pandemia, há uma verdadeira profusão de novas marcas migrando para as plataformas digitais e para o e-commerce. Uma das diferenças de hoje, com relação há tempos atrás quando surgiu o e-commerce, é que atualmente as empresas estão muito mais colaborativas, mesmo com os seus concorrentes, compartilhando, inclusive, fornecedores. Os vendedores se atualizaram com relação às ferramentas digitais e também multiplicaram seus contatos, passando a fornecer não mais de forma exclusiva, mas prestando serviços especializados para várias empresas, beneficiando também os pequenos negócios.
Na verdade, estamos todos num gigantesco processo de aprendizagem sobre como vender pelas mídias digitais, dentre as quais o Whatsapp.
As novas marcas que estão surgindo já vêm com uma preocupação prévia de saber se os seus propósitos condizem com os valores dos consumidores e da sociedade para discutir se vai existir ou não.
Estamos vivendo um momento de reflexão. Os novos empreendedores estão realmente entendendo que a moda traz uma grande responsabilidade a partir do momento que começa a desenvolver toda a cadeia de fornecedores, entender para quem está sendo construída, e o quanto ela é necessária no mundo de hoje.
Neste contexto, vemos as marcas posicionando a sua comunicação com respeito à diversidade, refletindo sobre corpos diferentes, incentivando o consumo consciente e sendo muito mais sustentáveis dentro de um contexto de economia circular. É preciso nos aprofundarmos tanto sobre qual o nosso valor competitivo quanto os impactos que as nossas marcas causarão no mundo.
Hoje, para se criar as cartelas e os novos produtos, é mais importante lançar o pensamento sobre as tendências de comportamento de consumo do que as da moda em si. Lembrando que o digital é só mais um canal e se a marca não sabe quem ela realmente é, vai ficar perdida.
Antes se produzia um catálogo a cada coleção, hoje se produz conteúdo diariamente, mostrando não apenas o produto, mas como ele foi criado e produzido, quem é o fornecedor, quem são os profissionais que trabalharam no processo, quais os cuidados ambientais e sociais por trás do produto e da marca. Não basta fazer uma foto e publicar nos canais digitais.
Mas não bastam todos estes cuidados e ações, é preciso realmente entender quem é este cliente para o qual se está realizando tudo isso, e este conhecimento vem a partir dos dados coletados dos clientes. ”
Aldo Clecius
Fundador da Agência FHouse, de Minas Gerais
Contou o caso da FHouse, que conecta pequenos negócios e profissionais da moda. Em 2017 começou um movimento da moda contemporânea mineira já entendendo que a moda do século 21 é sobre diversidade, inclusão e sustentabilidade e a ideia deste hub de marcas é promover treinamentos, feiras, desfiles, palestras, encontros, reunindo principalmente profissionais e marcas das gerações Z e Y, que são muito novos no mercado e entendem esta necessidade, pois são nanomarcas que se comunicam diretamente com o consumidor. No período da pandemia ficaram desesperados: são mais de 40 marcas e 60 profissionais. Se reuniram para primeiro entender o que é este momento e depois como reagir a esta nova realidade. Foi criado o Acelera, um evento de moda para a exibição e venda de produtos, baseado na sustentabilidade aliada à tecnologia. A Covid marca o início de uma nova moda. A moda do século 21 será sobre inclusão, colaboração, causa, propósito e voz ao consumidor nas causas que ele realmente acredita. Um cenário que tem muito a ver também com os pequenos atelieres nativos digitais, que se conectam diretamente com os consumidores pelo Instagram para a divulgação e venda direta dos seus produtos. Também ações colaborativas entre as marcas, interagindo com profissionais e empresas de outros segmentos, como consultores ambientais e artistas, criando propostas e ações para engajar ainda mais o público.
O futuro é cada vez mais as pessoas se conectando com pequenas marcas que tenham muito propósito e verdade.
Felícia Assmar Maia
Presidente da Costa Amazônia Associação de Costureiras e Artesãs da Amazônia
Criada para divulgar a marca autoral feita na região amazônica, percebeu que as pequenas marcas estavam perdidas por estarem fora do universo digital, estimulando o processo criativo.
O consumidor não vai mais ser o mesmo que era antes da pandemia ter se desencadeado, mas não se sabe exatamente como ele vai agir. O certo é que estamos em um momento de grande mudança mundial causada por uma crise sanitária que assola o planeta, que é diferente de outras crises econômicas, como por exemplo, a de 2008, que ficou no plano financeiro. No caso atual, estamos enfrentando um processo epidêmico que tem desdobramentos em outras áreas e cujo objetivo principal, evidentemente, é a defesa da vida. Por ser altamente contagiosa, traz uma série de consequências para a saúde e para a economia mundiais. Os reflexos são percebidos no setor de transportes, mercado varejista e neste último se percebe um significativo aumento das compras por meio da internet. Cuidados com a saúde e respeito ao próximo, como o caso do uso de máscara, as empresas precisaram se reestruturar e estabelecer ações ágeis e sensíveis para adaptar- -se a esta mudança do mercado e do comportamento das pessoas e, em especial das compras digitais, exigindo que as marcas estabeleçam relações mais próximas e verdadeiras.
É fundamental estabelecer uma agenda positiva para a retomada dos negócios. Mas não é uma retomada lá na frente, quando se imagina que não haverá mais casos de contaminação, ou que uma vacina tenha sido lançada. Tem que se pensar no agora. Buscar novos parceiros, entrar no mundo digital. Adaptar-se ao sistema homme office, ter as ferramentas certas para o trabalho remoto, oferecer EPIs aos trabalhadores, treinar a equipe quanto aos hábitos de higiene e modos de preservação contra a contaminação pelo vírus, preservar a saúde de toda a equipe monitorando as pessoas e afastando casos suspeitos oferecendo o tratamento, realizar reuniões não presenciais para acompanhar o andamento do trabalho, criar transparência logística, estabelecendo uma lista de comportamentos.
Esta situação de compras digitais era uma tendência, o mundo já estava caminhando para esta realidade, a pandemia só encurtou o caminho. Os canais digitais estão aí para fortalecer o diálogo das marcas com os nossos consumidores. Somos cada vez mais dependentes das tecnologias que facilitam o nosso dia a dia, seja nas nossas relações de trabalho ou nas compras. As empresas estão aproveitando este período para reavaliarem os seus processos com foco na digitalização logística. Dependendo do setor o impacto do coronavirus é diferente. O setor de alimentos e do agronegócio, por exemplo, vêm experimentando aumento, mas outros segmentos estão sofrendo efeitos negativos.
Independente do setor em que a empresa esteja inserida, o planejamento e a gestão eficaz, neste momento, são essenciais para garantir que consiga suprir a demanda e não seja afetada num momento tão crítico.
No setor da moda, o segundo que mais emprega no Brasil, os impactos foram imensos. E não há uma previsão tão otimista de que quando tudo estiver normalizado a gente retome imediatamente. Mas, segundo pesquisa do Sebrae, embora o setor como um todo tenha uma queda de 74% dos negócios, enquanto o varejo de moda diminuiu 80%, as roupas e acessórios de moda estão entre os itens mais populares em meio as novas experiências de compras. Por isso, a indústria da moda deve aproveitar este tempo para se reinventar. A hora é de mudar o foco, não pensar na crise e nas contingências, mas reconstruir o negócio. Focar na compra com propósito, oferecer soluções para o consumidor, estímulo aos pequenos negócios locais e na produção sob demanda.
Utilizar as ferramentas digitais a favor da comunicação e das vendas, e entre elas o Instagram é um grande canal para estas duas estratégias de negócio. Também, com a flexibilização da circulação das pessoas, os espaços físicos precisaram se readequar oferecendo opções para a higienização, cobrar o uso de máscaras, trabalhar com poucos funcionários e controlar a lotação dentro dos estabelecimentos.
Uma das grandes inovações que este momento está trazendo para o setor da moda é a produção por demanda. A gente sabe que esta prática vai fazer com que haja uma demanda em tempo real, não havendo a necessidade de se ter grande quantidade de estoque - até porque cerca de 30% de todos os produtos fabricados a cada ano não são vendidos e acabam muitas vezes indo para aterros sanitários. E temos que pensar nisso também, a sustentabilidade é algo que aparece com uma ênfase muito grande neste momento em que a gente está vivendo então vamos evitar os estoques inúteis. Precisamos construir uma indústria da moda mais estável e responsável, impulsionada pela criação. Isto também era algo que se vinha discutindo, colocando em cheque o fast fashion, por uma produção mais local, autoral, artesanal. Sem deixar de lado a ciência, que precisa fortalecer a arte. Sair da produção em larga escala para uma menor, sob demanda. Pode até ser doloroso, mas esta crise deve também ser usada para se construir uma indústria da moda mais responsável. Unir a produção por demanda com a inteligência artificial pode ser a saída para a moda neste momento.
Será um enorme prejuízo se insistirmos em preservar esta indústria irresponsável em um momento que nos oferece todas as condições para mudarmos para uma indústria responsável e justa. Está na nossa mão.
Para isso, devemos falar de compliance, que é estar de acordo com as regras e leis externas e internas. Em panoramas incertos como o que estamos vivendo hoje há necessidade de adaptações nos códigos de ética e de conduta, com novos regramentos comportamentais, levando em consideração as legislações de saúde e de segurança ocupacional. Pensar também sobre a continuidade ou não da produção de algum item ou mesmo o uso de determinada matéria-prima, se isso não representa um risco para o futuro, a sobrevivência do negócio.
Em linhas gerais a utilização do compliance é para prevenção de eventuais irregularidades que possam afetar o desempenho, os valores e a reputação da empresa no mercado. A moda, ao lado da aviação e do turismo, é um dos três segmentos mais suscetíveis a queda de venda neste momento de crise causada pela pandemia do coronavirus. Então não podemos só pensar em como reestabelecer os negócios durante a pandemia, mas como consolidar esta recuperação pós-pandemia.
Uma das saídas é a exposição e o consumo consciente ambientalmente correto e socialmente justo e inclusivo a um preço justo, que são bandeiras que o setor já vinha levantando. Não querem mais o desperdício, o produto descartável, estamos em busca do conforto e isso vem sendo reforçado mais ainda neste momento de home office. As compras online estão privilegiando muito os artigos voltados ao conforto das pessoas. Também não se quer uma indústria de moda que escraviza a mão de obra, que não considera os direitos trabalhistas. Que a moda possa encontrar uma saída com empatia e respeito aos consumidores que ela já precisava com ou sem pandemia.
Lorrana Aguiar
Fundadora da Agência Moda no Digital
A pandemia trouxe muitas ressignificações na vida de todo mundo, inclusive na dela, que vinha desde 2011 estudando o digital por conta do comportamento de consumo. O segmento da moda já estava desgastado, precisando ser melhor estudado e repensado, com a pandemia e o isolamento digital foi catalisado. O consumo é inerente aos seres humanos, tem a ver com as nossas necessidades e vontades, que o tornam legítimo.
As pessoas estão dentro de suas casas, e têm necessidades específicas. Imaginem se tudo tivesse parado totalmente e não tivéssemos o instagram e o whatsapp para fazermos as nossas compras. Com o instagram e whatsapp se tem hoje uma microempresa e isso é auxiliado por um facebook weds, um google ads, que potencializam ainda mais o produto ao consumidor específico de uma forma mais direta. O mundo digital é muito democrático, onde se fala da horizontalidade, do socialmente justo, do sustentável, e a partir do digital se tem uma comunicação muito grande da marca com o consumidor, que antes era de via única.
As marcas muitas vezes recebiam um rótulo que nem era o seu de verdade, mas era o proposto pela agência e repassava esta comunicação para o consumidor, que tinha um papel mais passivo, mas a partir do momento que se tem a possibilidade de conexão, a comunicação empresa e consumidor passa a ser uma conversa e isso muda tudo para sempre.
O consumidor deixa de ser um alvo que só o que interessa é o dinheiro que ele tem. Este consumidor passa a ser visto e a ter voz e passa a ser convidado a entrar dentro dos laboratórios de criação das marcas, sala de produção, opinar sobre produtos que estão ainda em desenvolvimento, e ele se sente valorizado nesta conversa e até mesmo um co-criador, o que é maravilhoso, e as marcas, com esta relação, conseguem criar produtos cada vez mais assertivos. As relações se fortalecem entre a empresa e os consumidores das suas marcas.
No digital se vive hoje um mundo de narrativas, de story teling, através das quais as marcas estabelecem uma conversa que precisa ser de propósito, autêntica, honesta. Neste contexto, o produto chega a ser quase um souvenir da narrativa com o estabelecimento. Muitas marcas estão levantando bandeiras sociais de acordo com as suas verdades e aí tem vários casos, pois a moda, ao mesmo tempo que pode aprisionar dentro de códigos estéticos que muitas vezes oprimem, é também uma ferramenta que traz liberdade. Marcas que há algum tempo tinham uma comunicação dirigida para um determinado padrão de público, hoje o discurso e o campo de atuação é muito mais amplo, e isso tudo é muito rico e está ganhando ainda mais corpo através do digital. O ponto crucial é ter um consumidor que tem voz e é co-criador da oferta e, quando se fala em moda, este tempo de isolamento possibilita o resgate de uma moda extremamente criativa num contraponto ao fast fashion. Precisamos beber desta água de novo e se fortificar com a arte.
Se fala que as pessoas não vão voltar a comprar como antes, mas tenho minhas dúvidas porque tem um lado da moda que é psicológico. Estou aqui trabalhando e por mais que seja num contexto totalmente digital, tenho que vestir algo que vista a minha alma e que me mova para algo. É a minha pele, a minha autoestima. Se eu passar o dia de pijamas não consigo produzir. Eu vou incutir algo no meu cérebro a partir da minha roupa então eu acredito muito nesta moda arte.
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