O Fórum CSCB de Sustentabilidade do Couro Brasileiro realizado no dia 7 de novembro pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) no Instituto Senai de Tecnologia em Couro e Meio Ambiente, em Estância Velha/RS, contou com palestras, debates e assinatura de acordo para o uso de couro com certificação.
Logo de início, a fabricante de calçados femininos Usaflex formalizou, juntamente com a entidade setorial, um acordo para o uso somente de couro com Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB) em suas coleções. O CEO da Usaflex, Sérgio Bocayuva, salientou que a marca é uma das que mais usam a matéria-prima animal e os princípios da certificação convergem com os valores da companhia. “Sempre vamos trabalhar com os pilares do couro e conforto e é importante estimular nossos parceiros a certificarem suas matérias-primas”, considerou.
A velocidade da informação no desenvolvimento de novos produtos
Logo em seguida, o coordenador do núcleo de design do Inspiramais, Walter Rodrigues, assumiu o palco para fazer a primeira palestra do encontro. Segundo ele, estamos em um momento de disrupção, no qual tudo e todos estão conectados o tempo todo, e as informações circulam com velocidades cada vez maiores, impactando nos negócios das organizações. “A moda está interligada com o comportamento, com o modo como as pessoas vivem. Não existe como pensar a moda sem pensar a vida, o dia a dia da sociedade. E, hoje, não há como pensar a vida sem considerar a tecnologia”, assegurou.
Tecnologias sustentáveis - Geração Z - Visões sobre sustentabilidade, moda e couro
O RTM da Lanxess para as Américas, Diego Moreira Ützig, comparou o curtume a uma indústria de reciclagem moderna, que investe em tecnologia e está conectada com as necessidades do consumidor, da sociedade e do planeta. Entretanto, quando o consumidor pesquisa na internet sobre curtumes, as imagens que surgem não correspondem a essa evolução. “Somos tecnológicos e estamos cada vez mais inseridos na indústria 4.0, mas, uma rápida pesquisa no Google apresenta uma realidade que não é a nossa. Esse é o tamanho do nosso desafio, mostrar ao consumidor final o quanto a nossa indústria é moderna”, desafiou.
No mesmo painel, o gerente técnico da Stahl para a América do Sul, Celso Schwingel, falou sobre como os jovens se relacionam no mundo, lembrando que as novas gerações já nasceram conectadas e para elas não existe imprevisto, pois sempre querem prever tudo o que pode acontecer. Buscam alternativas para qualquer coisa que lhes é oferecida, estão mais preocupadas com as mudanças climáticas do que com as guerras e se mobilizam para boicotar empresas que poluem o meio ambiente. “A Geração Z vive em um contato comunitário. Sua comunicação é mais informal e divertida, porém com alta preocupação com as mudanças climáticas, o bem-estar dos animais e entende que a sustentabilidade não deva ser uma preocupação apenas de governos, mas de empresas e de toda a sociedade, e o curtume tem que dar conta destas exigências”, considerou.
Construindo marcas relevantes na era da hiperconexão
Para o estrategista de marca, fundador da Liga Connected Branding, Christiano Coelho, criar valor para uma marca sempre foi trabalhoso, mas hoje em dia está ainda mais complexo. Pois é preciso focar não somente no que é importante para a marca e para a empresa, mas principalmente para a sociedade e o consumidor.
“É preciso pensar a marca como elemento central de qualquer negócio. Não deve ser pensada separadamente à estratégia da empresa. Uma marca forte ajuda a qualificar canais, controlar melhor as margens, construir volume e criar valor”, ensinou.
Comunicação e Criação
A conclusão dos trabalhos coube ao Curador do projeto Design na Pele, Rafael Andrade. “Estamos passando por uma revolução sustentável. As empresas estão tendo que se adaptar e nascendo já com a temática da sustentabilidade, que é o começo de um processo de design e também o fim.
Começa com a escolha dos materiais sustentáveis até o descarte desses produtos, com um ciclo total de atenção”, detalhou.
Visitas técnicas
No dia seguinte, na sexta-feira, os profissionais da imprensa nacional e do exterior que cobriram o evento foram convidados para visitas técnicas em empresas de curtume e calçados na região. A primeira delas foi no Curtume Minuano, em Lindolfo Collor. A indústria é a maior produtora de couro com pelo no Brasil e exporta 90% desses produtos, que representam de 65% a 70% de toda a sua produção.
O Fórum foi organizado pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) com o apoio do projeto Brazilian Leather (iniciativa realizada em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Apex-Brasil).
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