As empresas de tecnologia têm 25% mais probabilidade de sofrerem os efeitos da disrupção do que as de serviços financeiros e 12% mais do que as de varejo.
O cenário para gigantes de tecnologia está cada vez mais desafiador. Desde o ano passado, é grande a pressão e o foco em torno dos simultâneos processos que alegam práticas antitruste. As diversas investigações por parte dos governos, que escrutinam as práticas de negócios de grandes empresas, como Amazon, Apple, Google e Facebook, indicam mudanças regulatórias que devem provocar uma revolução - e, para alguns, até inviabilizar - no modelo de negócios que embasou seu sucesso. Além disso, os aspectos regulatórios estão evoluindo para além das questões de concentração de mercado e passando a incluir a discussão em torno da coleta e do uso de dados e privacidade dos usuários, assim como interesses e temas de segurança nacional.
Não é difícil mudar o foco e se concentrar exclusivamente na ampla discussão sobre práticas antitruste devido à complexidade do tema e às diversas percepções e variáveis em jogo. No entanto, embora, num primeiro momento, as questões regulatórias pareçam o grande risco a desafiar as big techs, o que vai determinar seu lugar no ranking e garantir sua competitividade é a capacidade de lidar com a disrupção. Inovar continuamente e se adequar o mais rápido possível às novas demandas e comportamentos continua sendo a regra de ouro em 2021.
Embora esteja correto ficar atento às discussões regulatórias e aos efeitos que elas trarão ao tabuleiro, o principal foco deve ser permanecer à frente da concorrência. A acelerada capacidade de inovação no setor de tecnologia é também o motor do que é chamado destruição criativa. E essa dinâmica não depende de regulações e normas.
As empresas de tecnologia têm 25% mais probabilidade de sofrerem os efeitos da disrupção do que as de serviços financeiros e 12% mais do que as de varejo, segundo uma pesquisa da consultoria Bain&Company, que analisou 1,3 mil empresas. Ressaltando que esses são dois setores bastante impactados por grandes mudanças nas últimas décadas.
A rotatividade na lista das 15 maiores empresas de tecnologia do mundo, em valor de mercado, oferece um bom indicador das forças que direcionam o setor. Somente cinco empresas se mantêm na lista nas últimas duas décadas: Microsoft, Intel, Cisco e Oracle. Na primeira década dos anos 2000, os novos negócios galgaram lugar, destronando metade das empresas que estavam na lista em 1999. E, na década seguinte, boa parte delas voltaram ao pódio. Provavelmente, por terem percebido e reagido, recuperando o ritmo para se adequar às mudanças em curso.
O vencedor leva tudo
Os efeitos das disrupções são maiores e mais nocivos nas empresas de tecnologia. Isso faz com que, ao perderem posições, seja mais difícil retomá-las. Especialmente devido à velocidade e à intensidade com que as mudanças vêm ocorrendo. A ampla infraestrutura de computação em nuvem e a possibilidade de conexão em qualquer lugar do mundo possibilita a uma plataforma de tecnologia não só atender uma quantidade de pessoas sem precedentes, como aumentar essa escala com certa facilidade. Ou seja, em muito menos tempo e significativamente menos recursos do que uma empresa que opere com produtos físicos. E, uma vez que fique para trás nessa corrida, é difícil recuperar terreno.
Três principais fatores explicam o desafio de manter a competitividade: a velocidade cada vez maior da evolução tecnológica, o efeito “o vencedor leva tudo”, a característica de mercado em que os líderes capturam grande parte dos benefícios e a grande mobilidade dos profissionais.
Para se manter na elite do ranking, os líderes de tecnologia terão de manter o foco nas mudanças da sociedade e na evolução das tecnologias traçando planos em torno dos pontos fortes da empresa ao mesmo tempo em que estimulam a inovação.
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