Gabriel Damaceno - técnico químico do Laboratório de EPI Calçados do IBTeC
A energia elétrica tem um papel vital perante a sociedade, e suas contribuições vão desde a luz e o calor até as mais modernas tecnologias da atualidade. Contudo, os profissionais que lidam com eletricidade estão expostos a riscos altos, que não se limitam ao choque elétrico, embora seja geralmente o mais grave.
Em função de tantos perigos, todos os trabalhadores que entram em contato com instalações elétricas devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) adequados às suas atividades. Quando o risco envolve os membros inferiores, os calçados de segurança para uso elétrico são de extrema importância para prevenir acidentes. O processo de certificação destes calçados varia ao redor do mundo, e são adotados diferentes métodos de teste e requisitos para tal finalidade.
No Brasil, a norma utilizada é a ABNT NBR 16603, que apresenta diversos requisitos, tanto elétricos quanto não elétricos, visando a certificação de calçados isolantes para uso em tensão de até 500V em ambientes secos. Os ensaios realizados são os de resistência elétrica e de isolamento elétrico. Esta norma é utilizada apenas em calçados da classe I, ou seja, aqueles que são fabricados em couro, têxteis, laminados e outros materiais não poliméricos. Para os calçados da classe II (poliméricos e de borracha) é utilizada a norma BS EN 50321-1.
A norma europeia BS EN 50321-1 é a utilizada na União Europeia para a certificação dos calçados isolantes e botas de sobrepor para a proteção dos trabalhadores contra choques elétricos.
A norma se refere somente aos calçados da classe II, já que na Europa os calçados utilizados para esta finalidade oferecem segurança também contra choques elétricos em ambientes úmidos. Além disto, ela classifica os calçados em classes de acordo com o risco apresentado, sendo que a tensão de uso varia conforme a classe do calçado. O ensaio para esta norma é realizado com o calçado submerso e preenchido com água, passando-se a corrente elétrica pelo calçado e avaliando se ocorre fuga da mesma.
Além da Europa e do Brasil, os Estados Unidos também possuem sua própria norma para certificação deste tipo de calçado. Trata-se da ASTM F2412, que especifica os métodos de teste, e da ASTM F2413, que especifica os requisitos para aprovação. Neste método são abrangidos os calçados de ambas as classes, I e II. Assim como nas outras normas, o ensaio é realizado pela passagem de uma corrente elétrica pelo calçado, avaliando a ocorrência de fuga desta corrente.
Apesar de métodos e requisitos diversos, as três normas em destaque apresentam metodologias semelhantes. Por este motivo, deve-se avaliar atentamente qual calçado atende melhor aos padrões de segurança necessários para cada atividade profissional e quais os riscos desta, a fim de garantir a segurança dos profissionais que lidam com eletricidade.
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