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Calçados Sustentáveis: o design pensado para o bem-estar das pessoas e a proteção do meio ambiente


O desenvolvimento sustentável visa a preservação do planeta e a melhoria da qualidade de vida das pessoas não somente hoje, mas nas futuras gerações. Este conceito abrange três dimensões basilares: social, ambiental e econômica. O aspecto ambiental se refere a maneira como indivíduos, comunidades e organizações usam os recursos naturais disponíveis, o social envolve as condições de acesso das pessoas a itens básicos para o seu bem-estar como saúde, educação, segurança e cultura. Já o âmbito econômico está relacionado à produção, distribuição e consumo de bens e serviços.


Hoje, as pessoas estão mais conscientes de que as suas escolhas também causam impacto no meio ambiente. A partir deste entendimento é cada vez maior o número de indivíduos que procuram minimizar o passivo ambiental através de ações proativas, como consumir apenas o necessário, usar produtos ambientalmente corretos, adquirir alimentos produzidos sem o uso de agrotóxicos, evitar o uso de sacolas plásticas, separar o lixo de forma correta, evitar o desperdício de recursos não renováveis e até mesmo utilizar fontes alternativas de energia ou adotar o sistema de uso compartilhado de bens como carro, equipamentos e, inclusive, ambientes de trabalho.


Para garantir que muitas dessas práticas possam realmente ser realizadas, principalmente no que se refere a ter um guarda-roupas cada vez mais sustentável, estão atentas com relação aos valores e as práticas das organizações produtoras dos bens de consumo. E cobram delas princípios como sistema produtivo baseado na economia circular, reciclagem, reaproveitamento, rastreabilidade, controle das emissões, uso de matérias-primas de origem renovável, compromisso social, preservação do meio ambiente, apoio às comunidades locais, respeito com relação às condições de trabalho dos funcionários e muito mais.


Se por um lado tantas exigências podem causar algum desconforto para aquelas empresas que ainda precisam se alinhar a esta nova realidade e para isso necessitam investir na readequação de suas práticas produtivas e na gestão da cadeia de fornecedores para a substituição de matérias-primas tradicionais por alternativas sustentáveis, por outro lado isso significa também que, ao atenderem as demandas do mercado, a tendência é que novas oportunidades de negócios possam surgir a partir desse estilo de vida que cresce a cada dia, principalmente junto às novas gerações.


Longo e exigente, o caminho para esta mudança pressupõe o alinhamento de todo o sistema produtivo, desde o setor de insumos até a indústria de transformação, chegando também aos canais de distribuição ao consumidor final. Enquanto algumas marcas saíram na frente e já adotam sistemas produtivos alinhados com a sustentabilidade, outras estão aos poucos inserindo no seu portfólio linhas de produtos com esta característica. O importante é não ficar para trás, até mesmo porque esta é uma tendência que já se confirmou.


Não são apenas os consumidores que estão impondo condições aos fabricantes e suas marcas. Os países também aumentaram as exigências tornando mais rígidas as normas que servem como barreiras técnicas para impedir a importação de produtos que não respeitam a saúde das pessoas e a preservação do meio ambiente.


Durante o Inspiramais 2021, que aconteceu ao vivo e online nos dias 26 e 27 de janeiro e depois se estendeu até o dia 26 de fevereiro com uma série de eventos também no formato digital, a consultora de design do Instituto By Brasil, Júlia Webber, salientou que no futuro moda sustentável será redundância pois, muito mais do que estética/ visual, design significa designo/objetivo.


Na sua avaliação, o sistema de design linear, ou seja, o formato que compreende a extração de recurso natural para ser transformado em uma matéria-prima que vai compor um produto a ser consumido e depois descartado não faz o menor sentido. “Anos atrás, a compra de um determinado produto acontecia muitas vezes simplesmente por acreditarmos que com ele teríamos mais conforto, ficaríamos mais bonitos ou nos sentiríamos mais confiantes. Mas hoje são muitas as questões acerca dos produtos oferecidos. Embora saibamos que ainda não aconteça com todas as pessoas, cresce o número de consumidores que durante o processo de decisão da compra se informam sobre de onde veio esse produto, como ele foi elaborado, quais as condições de trabalho de quem o produziu, quais os cuidados da empresa que fez esse produto com as sobras geradas nos seus processos, de que forma deve acontecer o descarte após o uso. Então, quando se fala sobre valor agregado, muito mais do que funcionalidade ou beleza, nos referimos também - e cada vez mais - à sustentabilidade dos produtos”, define Júlia.

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