A pandemia trouxe à tona grandes reflexões sobre a vida em sociedade, principalmente em relação aos hábitos de consumo. Estando em casa por tanto tempo, a maioria das pessoas percebeu que o consumo exagerado era desnecessário, fazendo com que a compra de roupas, carros, entre outros produtos e serviços fossem revistos.
Desde então, marcas e empresas foram obrigadas a repensar os seus modelos de negócio. E a moda foi um dos setores mais atingidos. “Há alguns anos, o mercado da moda vem passando por transformações, especialmente devido a mudança do perfil do consumidor que está mais questionador e exige cada vez mais transparência nos processos produtivos”, aponta o coordenador de Sustentabilidade no ISAE Escola de Negócios, Gustavo Loiola.
No ano passado, o crescimento dos brechós foi muito mais acelerado do que o comércio de roupas convencional. Pesquisas apontam que, nos próximos meses, o mercado de da mão ainda vai crescer cinco vezes mais.
Em 2017, o relatório lançado pela Global Fashion Agenda (GFA) já tinha colocado a moda como responsável por mais de 5% das emissões de CO2, porcentagem 21 vezes maior do que os setores de aviação e navegação juntos.
Com o aumento estimado da produção para 2030, a contribuição da moda para o colapso climático deve aumentar 49% segundo estimativas da Quantis - grupo de consultoria em sustentabilidade que orienta as principais organizações a definir, moldar e implementar soluções inteligentes de sustentabilidade ambiental - e 63% de acordo com a própria GFA.
“Além das necessidades do planeta, é crescente a mudança de mentalidade do consumidor, aponta o especialista, complementando que a geração de millenials está aí e vai demandar cada vez mais adaptabilidade, sendo que a economia circular é a bola da vez. “O conceito de que lixo não existe estimula a reciclagem e a reutilização”, diz.
Exemplos disso são as marcas C&A e a Renner que, em parceria com o brechó online Repassa, estão disponibilizando um espaço nas suas lojas para coleta de roupas usadas. O processo de venda dessas peças é o mesmo de todo brechó: o cliente envia as roupas que não usa mais e elas passam por um processo de curadoria, fotografia e cadastro pré-venda.
Quem define o destino do dinheiro apontado pelo Repassa com a venda das roupas é o cliente, que poderá usá-lo como crédito no próprio brechó, sacar esse valor ou doar para uma lista de ONGs que são apoiadas pela companhia, como o Graac, Fundação Abrinq e o Instituto C., por exemplo. “O cliente pode revender as suas peças e utilizar esse recurso para doar a uma ONG, sacar o crédito ou utilizar parte em novas compras. Esse projeto aumenta o ciclo de vida das peças de roupa e diminui drasticamente o impacto ambiental”, complementa.
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